Saiba quem é 'Fatare', 'conselheira final' da facção GDE presa na Avenida Beira Mar, em Fortaleza

A mulher nunca tinha sido presa no Ceará, mas tinha uma condenação por tráfico internacional de drogas, em decorrência de uma prisão no estado do Mato Grosso do Sul

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
A prisão em flagrante por integrar organização criminosa já foi convertida em prisão preventiva, pela Justiça Estadual, em audiência de custódia no Plantão Judiciário
Legenda: A prisão em flagrante por integrar organização criminosa já foi convertida em prisão preventiva, pela Justiça Estadual, em audiência de custódia no Plantão Judiciário
Foto: Divulgação/ SSPDS

Uma mulher que nunca tinha sido presa no Ceará surge como uma "conselheira final" (o maior escalão) da facção criminosa cearense Guardiões do Estado (GDE). Patrícia de Paula de Sousa Bezerra, conhecida como 'Fatare' ou 'Água', de 33 anos, foi presa pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) na Avenida Beira Mar, em Fortaleza, no último sábado (23). Ela já foi condenada por tráfico internacional de drogas, em decorrência de uma prisão no estado do Mato Grosso do Sul.

O delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Alisson Gomes, afirma que a suspeita já era investigada há seis meses. "Ela ocupava um alto cargo dentro de uma organização criminal de origem local, um cargo de 'conselheira final', que é o mais alto escalão dentro dessa divisão hierárquica dessa organização criminosa. Para se ter uma noção, ela é a única mulher da alta hierarquia dessa organização criminosa", revela.

Ela era responsável por diversas questões, desde o tráfico de drogas, logística de arma de polo, investigada por envolvimento com homicídios, cadastro dos membros dessa organização criminosa. Ocupando uma verdadeira posição de chefia de liderança e tomando decisões importantes dentro dessa organização criminosa." 
Alisson Gomes
Delegado da Polícia Civil

A prisão ocorreu no momento em que 'Fatare' caminhava pelas proximidades do Mercado dos Peixes, na Avenida Beira Mar, na manhã do último sábado. Com a suspeita, foram apreendidos um veículo Jeep Renegade no nome de outra pessoa e um aparelho celular. A prisão em flagrante por integrar organização criminosa já foi convertida em prisão preventiva, pela Justiça Estadual, em audiência de custódia no Plantão Judiciário.

Patrícia de Paula é oriunda do bairro Vicente Pinzón, em Fortaleza, onde morava. Ela vivia uma vida humilde, sem grandes luxos, para não chamar a atenção da Polícia, segundo os investigadores.

A mulher tinha poder de ordem em todo o Ceará. A Delegacia Municipal de Tauá, no Interior do Estado, já tinha uma investigação contra a suspeita. Os membros do "Conselho Final" da GDE são identificados por anéis templários personalizados, como mostrou uma reportagem do Diário do Nordeste publicada em julho de 2019.

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Prisão por tráfico internacional de drogas

Apesar de nunca ter sido detida no Ceará até o último sábado (23), Patrícia de Paula de Sousa Bezerra já tinha sido presa em uma abordagem policial em Ponta Porã (Mato Grosso do Sul), município que faz fronteira com o Paraguai, em 2018.

211 kg
de maconha eram transportados por 'Fatare' e outra mulher, quando houve a abordagem. A cearense foi condenada pela Justiça Federal a 7 anos de prisão, por tráfico internacional de drogas, e cumpriu cerca de 3 anos da pena em regime fechado, no Sistema Penitenciário Estadual do Mato Grosso do Sul, segundo a Polícia Civil do Ceará.

Os investigadores cearenses acreditam que Patrícia traria a droga para o Ceará e analisam que a mulher ascendeu na facção Guardiões do Estado depois da prisão em outro estado. No Mato Grosso do Sul, ela teve contato com traficantes internacionais, acostumados a trazerem drogas de outros países para o Brasil.

O delegado adjunto da Draco, Thiago Salgado, afirma que a escolha da organização criminosa para 'Fatare' virar uma "conselheira final" foi uma estratégia: "É uma forma do grupo criminoso deixar uma pessoa alheia aos crimes violentos que ocorrem em decorrência da disputa territorial por tráfico de drogas. Era uma pessoa que estava acima disso. Nos homicídios que ela é investigada, ela aparece na condição de mandante, que dava o aval".

A Polícia Civil irá aprofundar as investigações sobre Patrícia de Paula, inclusive com o objetivo de entender os apelidos da "conselheira final" da GDE. Os trabalhos policiais identificaram que ela era chamada de 'Fatare', 'Água', 'Ganeixa' e 'Moleca', até por facções criminosas rivais que divulgavam decretos de morte à mesma.

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