Roubo de carros em concessionária: Polícia compara crime ao 'Novo Cangaço' e indicia 10 pessoas
O inquérito foi concluído nessa quarta-feira (22). A reportagem apurou que o empresário suposto mandante da ação está entre os indiciados
A Polícia Civil do Ceará concluiu o inquérito acerca do assalto flagrado por câmeras de segurança, dentro de uma concessionária em Fortaleza e que repercutiu nacionalmente. Dez pessoas foram indiciadas, sendo oito homens presos em flagrante, o mentor do crime e "o responsável por recrutar os indivíduos" que participaram da ação.
O roubo completa 10 dias nesta quinta-feira (23). A reportagem teve acesso a documentos nos quais a Polícia compara o crime ao 'Novo Cangaço', sendo invasão seguida de assalto com "grave ameaça e violência moral".
Na versão dos suspeitos presos, a sequência de cenas que mostra eles descendo da caçamba de um veículo, pegando chaves dos carros e levando os automóveis seria uma "suposta partilha de bens".
No entanto, a Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC) aponta que o crime se tratou de um roubo e policiais seguem em diligências "no sentido de identificarem os demais autores do crime, os quais aparecem na filmagem divulgada pela vítima".
VEJA VÍDEO:
AUTOR INTELECTUAL
A reportagem apurou que o suposto mandante da ação é o empresário Mario Rudson Ernandes da Silva. Para os investigadores, ele foi o autor intelectual da ação. Mario segue em liberdade.
A defesa do empresário Mario Rudson chegou a afirmar que o fato não se tratava de um roubo, "mas sim um acerto de contas", "porque mantinham relação comercial de sociedade de fato, no ramo da venda de veículos na sobredita loja, relação esta que era baseada na confiança, não existindo contrato por escrito assinado pelas partes"
Os investigadores não reconheceram a suposta sociedade e destacaram na conclusão do inquérito que nenhum dos veículos roubados estava no nome de Mario ou que ele apresentou qualquer documento que indicasse que os carros eram de sua propriedade.
"A ação foi devidamente orquestrada, pois, os criminosos só subiram na caminhonete usada no crime a poucos metros da loja da vítima, pois sabiam que se trafegassem pelas ruas de acesso, naquele horário, fatalmente chamariam muita atenção, potencializando os riscos de uma abordagem ou confronto policial"
Os advogados de defesa do empresário não foram localizados.
VERSÕES
As defesas de José Henrique de Lima Freitas, José Nilton de Freitas Filho, Antônio Clauderson Lopes dos Santos, Rafael Ferreira de Sousa, Bruno da Silva Triunfo, Washington Alves de Albuquerque, Rafael Cavalcante Moura e Gabriel Henrique de Lima Damasceno são unânimes ao afirmarem que eles não sabiam que o caso se tratava de um roubo.
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Conforme os suspeitos, eles foram contratados por um homem chamado Francisco das Chagas de Jesus Lima para dirigir os automóveis. Francisco agora também está na lista dos indiciados.
"Tudo indica que não houve dolo de cometer crime, pelo contrário, foi contratado como motorista pelo ex-sócio da concessionária, diante de uma suposta partilha de bens entre os sócios após o encerramento da parceria profissional", expõe a defesa de um dos suspeitos.
Cada um receberia de R$ 100 a R$ 300, em troca de levar o automóvel até uma loja no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza.
O empresário vítima admitiu existir uma parceria, explicando aos investigadores que a sociedade já não existia e que ele não devia mais valores ou carros ao ex-sócio.
Em dois dias, policiais recuperaram todos os 11 veículos roubados durante o arrastão. Os carros foram recuperados em, pelo menos, seis pontos da Capital, com auxílio do Sistema Policial de Indicativo de Abordagem (Spia).
RELEMBRE O CRIME
Cerca de 20 homens chegaram à concessionária, no último dia 13 de fevereiro. A Polícia foi acionada por volta de 18h45 e, minutos depois, localizaram o primeiro veículo, um Ford Ranger, no bairro Papicu.
No dia seguinte, a juíza da 17ª Vara Criminal (Vara de Audiências de Custódia) considerou que há indícios suficientes da autoria e decidiu que as prisões em flagrante fossem convertidas em prisão preventiva.
A Secretaria da Segurança Pública ressalta que a população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As denúncias podem ser feitas para o telefone (85) 3101-2489, da DRFVC.