Quatro acusadas de integrar facção cearense vão para prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica
As mulheres são mães de crianças, o que convenceu a Justiça Estadual de tirá-las do cárcere. Entre elas está uma chefe do tráfico de drogas do Bom Jardim
A Vara de Delitos de Organizações Criminosas, da Justiça Estadual, concedeu prisão domiciliar, com monitoramento por tornozeleira eletrônica, a quatro mulheres que estavam detidas, entre os dias 29 de abril e 10 de maio deste ano. Elas são rés em um processo pela acusação de integrarem uma facção criminosa cearense, ligada ao tráfico de drogas e outros crimes.
Entre elas, está uma mulher apontada como chefe do tráfico de drogas da facção no bairro Bom Jardim. Maria Gilvaneide da Penha Magalhães, a 'Irmã Katrina', teria o poder ainda de definir quem pode comercializar entorpecentes na região, segundo a investigação da Delegacia de Narcóticos (Denarc), da Polícia Civil do Ceará.
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Para converter a prisão, o colegiado de juízes da Vara de Delitos de Organizações Criminosas considerou que Maria Gilvaneide precisa estar próxima dos dois filhos menores de idade; e a proibiu de usar aparelho telefônico, de se ausentar da sua residência (com exceção para casos de urgência médica) e de receber visitar (com exceção de familiares até o 3º grau, profissionais da saúde e advogados).
A defesa de Gilvaneide, representada pelos advogados Ítalo Ramos e Isabel França, afirma que a decisão judicial "traz um pouco de justiça para uma pessoa que não tem nenhum envolvimento com o crime organizado. Gilvaneide é uma mãe de família, tem dois filhos menores, inclusive na data de sua prisão, seu filho mais novo tinha apenas um mês de nascido, tendo o menor que passar por grandes problemas, tendo em vista que só se alimentava do leite materno". Ainda segundo a defesa, a inocência da cliente será provada no curso do processo criminal.
As outras decisões de concessão de prisão domiciliar, a favor de Caroline Alves Pereira, Helen Railine dos Santos Feitosa e Marta Helena do Nascimento, seguiram o mesmo roteiro, com aplicação da tornozeleira eletrônica e das outras medidas cautelares. Todas também são mães de crianças. As defesas das três acusadas não foram localizadas.
Acusação contra 96 pessoas
As quatro mulheres estão incuídas em uma denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Ministério Público do Ceará (MPCE), contra 96 acusados de integrar uma facção criminosa cearense. A Vara de Delitos de Organizações Criminosas já aceitou a denúncia e o grupo virou réu na Justiça Estadual.
O grupo foi alvo da Operação Pompeius (palavra em latim que significa "quebra-cabeça"), deflagrada pela Denarc em 31 de março deste ano. Os investigadores chegaram à organização criminosa a partir da prisão de Guilherme Nascimento de Lima, conhecido como 'Skunk'. E, depois, montou todo o "quebra-cabeça" da facção.
Na Operação, a Polícia cumpriu um total de 185 mandados – sendo 89 de prisão e 96 de busca e apreensão – expedidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas, contra acusados de integrar uma organização criminosa que envolvida com o narcotráfico, homicídios e o comércio ilegal de arma de fogo.