Preso suspeito de integrar grupo que aplicava golpes em empresas por meio de compras em televendas

Criminosos usavam cartões de terceiros para adquirir materiais. Após contestação de compras, empresas ficavam no prejuízo

Escrito por Redação ,
Itens apreendidos pela Polícia Civil. Duas máquinetas de cartão, dois celulares e uma chave de carro
Legenda: Itens apreendidos serão averiguados durante investigação
Foto: divulgação/PCCE

A Polícia Civil do Ceará (PCCE) desarticulou um esquema fraudulento de compras em Fortaleza, prendendo uma pessoa em flagrante. Os envolvidos usavam cartões de terceiros para adquirir materiais por meio de televendas e causavam prejuízo à empresa vítima do golpe. Os detalhes da operação foram divulgados em coletiva de imprensa no fim da manhã desta terça-feira (6).

Conforme o delegado Fernando Cavalcante, titular do 34º Distrito Policial (DP), o preso foi identificado como José Ailson Façanha Galeno Júnior, 32 anos, sem antecedentes criminais, e servia de "correria" para o grupo criminoso. A função dele era de adquirir o material antes de levá-lo aos receptadores.

Ele foi preso ao tentar transportar uma carga da empresa vítima do golpe até o bairro Castelão. Em razão da prática, ele foi autuado por crime de recepção qualificada e associação criminosa.

Outros dois envolvidos no esquema, identificados como Francisco Antônio Ferreira Moreira, conhecido como Fran, 50 anos, e Meisson Jefferson Lima dos Santos, ainda não foram localizados. 

Também foram apreendidos, durante a ação policial, dois celulares e maquinetas de cartão. O delegado ressalta que a Polícia solicitará à Justiça extração de dados dos celulares — os aparelhos foram usados em diversas negociações e na comunicação entre Ailson e Meisson.

Como ocorria o crime

De acordo com o delegado, os golpes eram realizados por aplicativo. "A pessoa mandava a proposta, se cadastrava, ela [a empresa] mandava um link para a pessoa, e nisso a pessoa fazia pagamentos das mercadorias através de cartões de créditos de terceiros, de vítimas", pontua.

As transações, após percebidas pelos proprietários dos cartões utilizados — residentes em outros estados —, eram contestadas junto à operadora de crédito. No entanto, os materiais já tinham sido entregues à quadrilha àquela altura, e as empresas eram prejudicadas.

Por serem conseguidas com facilidade, as cargas adquiridas pela quadrilha eram vendidas a preço de custo.

A investigação apontou que o Meisson Jefferson ficava a cargo de realizar as compras com os cartões das vítimas. O preso, Ailson, adquiria o material e arranjava um caminhão para fazer o transporte da carga, encaminhada a Francisco Antônio. Este recebia os materiais e os destinava às vendas.

Segundo o delegado, a ficha criminal de Francisco Antônio é muito extensa — ele responde a 15 inquéritos policiais — e o suspeito faz uso de tornozeleira eletrônica. O advogado de Francisco informou que o cliente vai se apresentar às autoridades.

Fernando Cavalcante ressalta que a Polícia está realizando uma investigação minuciosa, dado que várias cargas foram compradas por esse grupo seguindo o mesmo modus operandi. Dentre os materiais comprados, estão madeira, pisos e porcelanatos.

Vítimas do golpe

Na semana passada, uma empresa de aço foi vítima do golpe, com uma carga de aço valorada em R$ 36 mil. A companhia foi vítima de vários golpes no mês de junho.

O material, salienta o delegado, foi destinado ao mesmo receptador da organização criminosa, Francisco Antônio.

Além dessa carga, a Polícia identificou outra entrega, no valor de R$ 46 mil, nessa segunda-feira (5). A vítima dessa transação reside em Santa Catarina.

Fernando Cavalcante acredita que os criminosos conseguiam os dados a serem usados nas compras por meio de redes sociais. "Se você vacilar nos seus dados, eles entram até nos seus aplicativos para copiar seus dados. Eles são muito eficientes nisso", avalia, incluindo que a Corporação trabalhará sobre os itens apreendidos para descobrir a atuação da quadrilha.

O delegado aconselha que, caso alguém se sinta lesado por uma compra indevida, busque a operadora do cartão para contestar a compra e registre um Boletim de Ocorrência (BO) para a Polícia apurar o ocorrido.

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