Polícia Federal apreendeu quase R$ 1 milhão em cédulas falsas no Ceará nos últimos quatro anos
Os criminosos interceptados pela PF tentavam inserir mais de 16,5 mil notas no mercado cearense, nesse período
A apreensão de cédulas falsas se tornou rotineira para a Polícia Federal (PF) no Ceará, nos últimos anos. Entre 2018 e 2021, o Órgão reteve mais de 16,5 mil cédulas falsas, que somavam quase R$ 1 milhão, no Estado. A ocorrência mais recente foi registrada na última terça-feira (21), quando um homem foi preso em flagrante em Fortaleza na posse de 20 cédulas falsas, que somariam R$ 1 mil.
De acordo com dados da Polícia Federal, 2.937 cédulas falsas foram apreendidas em território cearense em 2021. O número de notas apresenta uma queda de 31,9% em relação à quantidade apreendida em 2020, que foi de 4.317 cédulas; e uma redução ainda maior, de 63,7%, na comparação com 2019 - que teve um número recorde de 8.095 cédulas falsas retidas. Mas significa um aumento de 150,3% na comparação com 2018, que teve 1.173 cédulas falsas subtraídas.
Veja também
O chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRCOR), delegado federal Alan Robson Alexandrino, acredita que a queda de apreensões nos últimos anos é um efeito da intensificação da parceria da PF com os Correios e com outras empresas transportadoras, que permite a identificação de envios de cédulas falsas e a abordagem em flagrante.
Os criminosos interceptados pela PF tentavam inserir R$ 177.385 falsos no mercado cearense, no ano corrente. Em 2020, esse valor era de R$ 368.340. Em 2019, de R$ 266.595. E em 2018, de R$ 89.540. Ao total, nos quatro anos, foram apreendidos R$ 901.860 falsos.
Nesse período, foram apreendidas cédulas falsas que valeriam de R$ 5 a R$ 200 (esta última, apenas em 2021). Nos anos de 2019 e 2020, policiais federais também encontraram dólares e outras moedas falsas, no Ceará.
Confira os dados da PF:
Falsificação é de boa qualidade, segundo delegado
A Polícia Federal atua apenas em casos que as falsificações das cédulas são consideradas de boa qualidade, quando se configura o crime de moeda falsa, segundo o chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado.
"A PF só entra para combater material que tem certa qualidade, quando o perito confirma que a qualidade daquela cédula pode enganar uma pessoa comum. Quando a moeda é de má qualidade, o crime é estelionato. Quando a qualidade maior, é crime de moeda falsa", distingue o delegado federal Alan Robson Alexandrino.
O crime de moeda falsa é previsto no artigo 289 do Código Penal Brasileiro (CPP), que prevê pena de reclusão de 3 a 12 anos. Podem ser autuados pelo crime tanto quem produz a moeda como quem adquire.
Somente em 2021, a PF prendeu 27 suspeitos de cometerem o crime de moeda falsa, em 24 ocorrências. O número de prisões dos anos anteriores não foi divulgado pelo Órgão. A maioria dos suspeitos são compradores das cédulas falsas, que geralmente são jovens de 21 a 30 anos. Já o perfil econômico é variado: vai do desempregado, passando por pessoas de classe baixa e média, até empresários.
A gente ve muitos casos, quase toda semana. Mas a grande maioria é por pessoas que se deixam encantar por criminosos, em grupos de WhatsApp, Telegram, em que pessoas oferecem 1000 reais falsos por 200 reais verdadeiros, 5000 falsos por 800 verdadeiros."
Os investigadores da PF atuam em duas frentes no combate ao crime: acompanhamento de redes sociais, através de denúncias que chegam aos canais de comunicação do Órgão; e do trabalho feito junto aos Correios e às empresas transportadoras.
Fechamento de laboratório de notas falsas
A maioria das abordagens realizadas pela PF no Ceará são contra compradores de cédulas falsas, que vêm de vários estados do País, principalmente São Paulo. Na última ocorrência, um homem de 21 anos foi preso em flagrante no bairro Genibaú, em Fortaleza, na última terça (21), na posse de 20 cédulas falsas de R$ 50 (total de R$ 1 mil). Ele confessou que comprou as notas em uma rede social.
Mas a descoberta de um laboratório clandestino, que fabricava cédulas falsas (além de 'clonar' cartões), no Ceará, neste ano, chamou a atenção dos investigadores. O estabelecimento funcionava em Cascavel, quando foi fechado pelas autoridades no último dia 24 de março. O responsável pelo laboratório era um homem foragido do Estado de Minas Gerais, de onde fugiu após o fechamento de outro laboratório clandestino.