Ex-secretário e organizadores de 'UFC' clandestino são denunciados por morte de lutador no Ceará

Luta clandestina realizada em 2023 em Jericoacoara não tinha supervisão e equipamentos de proteção, de acordo com o Ministério Público do Ceará

Escrito por
Matheus Facundo matheus.facundo@svm.com.br
Foto do lutador João Victor Penha, que morreu após levar golpe na cabeça em luta em Jericoacoara
Legenda: O lutador João Victor Penha tinha 23 anos e morreu após levar um golpe na cabeça
Foto: Reprodução/Redes Sociais

O ex-secretário de Esportes de Jijoca de Jericoacoara, Márcio Marcelo Santos, e dois organizadores do evento clandestino "UFC Jeri" foram denunciados pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) pela morte do lutador João Victor Penha, que faleceu aos 23 anos após levar um golpe na cabeça durante uma luta. A competição aconteceu no dia 7 de outubro de 2023 na Areninha de Jericoacoara, e o jovem teve morte encefálica três dias depois, por conta da extensão dos ferimentos. 

Os três homens vão responder pelo crime de homicídio culposo, de acordo com o MPCE. Segundo a promotora de Justiça Laura Uchôa, houve negligência durante a organização do evento. 

A peça acusatória indica que Pedro Henrique Rodrigues do Nascimento e Natanael William de Queiroz Sousa, dupla responsável pela luta, não seguiu os critérios do Conselho Nacional do Boxe (CNB) e outras entidades oficiais. Para o MPCE, foi "criando um risco fatal para os esportistas". 

Entre as irregularidades da luta clandestina estavam: 

  • Ausência de supervisão qualificada (árbitro sem registro), falta de equipamentos de proteção (protetores bucais, de cabeça e de ringue), 
  • Uso de força excessiva (não havia distinção de categoria entre os lutadores)
  • Ausência de exames médicos obrigatórios para os participantes.   

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Omissão 

Márcio Marcelo Santos, que à época da luta era secretário municipal de Esportes de Jijoca de Jericoacoara, foi denunciado por omissão, pois ele teria autorizado o evento sem garantia do cumprimento das normas. 

"De acordo com a Promotoria de Justiça, o então gestor agiu de forma negligente ao chancelar o evento como vinculado à prefeitura. A materialidade dos crimes foi comprovada com base em vídeos do evento publicados nas redes sociais, depoimentos, laudos periciais e regras técnicas internacionais", indicou o órgão ministerial. 

 João Victor chegou a ser internado na Santa Casa de Misericórdia de Sobral, mas não resistiu. À época, o caso foi investigado pela Delegacia Municipal de Jijoca de Jericoacoara.