Justiça dá liberdade provisória para "rainha da sucata", autuada por desviar R$ 3 milhões em Caucaia
Maria Valdirene de Paulo, 34, havia sido detida em flagrante após suspeita de comandar um esquema criminoso em empresa de ferro e sucata

A 2ª Vara Criminal da Comarca de Caucaia concedeu, na última sexta-feira (18), liberdade provisória para Maria Valdirene de Paulo, a auxiliar administrativo de 34 anos suspeita de encabeçar um esquema criminoso que desviou cerca de R$ 3 milhões de uma empresa de ferro e sucata no mesmo município.
Veja também
A "rainha da sucata", como ficou conhecida, havia sido detida em flagrante pela Polícia Civil no dia 14 de fevereiro por furto qualificado na sede da empresa, no bairro Potira, em Caucaia. No setor de pesagem das mercadorias, onde trabalhava, ela trocava o ferro por sacos de areia e cimento para encarecer o serviço.
Porém, na avaliação do juiz de Direito, Ricardo Bruno Fontenelle, "a suposta prática do crime em análise não foi suficiente para
abalar a ordem pública ou causar histeria".
"A liberdade da autuada, no presente momento, não representa uma ameaça à finalidade útil do processo penal ou perturbação ao desenvolvimento da investigação criminal, mormente pelo fato de o delito em questão não envolver violência ou grave ameaça à pessoa", justificou o juiz.
Ricardo Bruno Fontenelle complementou ainda que atual cenário epidemiológico da Covid-19 fez o Conselho Nacional de Justiça (CVJ) recomendar Ricardo Bruno Fontenelle "somente as prisões estritamente necessárias", o que, segundo ele, não é o caso investigado.
Medidas cautelares
Apesar de determinar a soltura de Maria Valdirene, o juiz incluiu o cumprimento de medidas cautelares:
- comparecimento mensal a este juízo, a partir da abertura do Fórum local pelo Tribunal de Justiça do Estado;
- proibição de ausentar-se da comarca, pelo período superior a 8 (oito) dias;
- monitoramento eletrônico, pelo prazo de 6 (seis) meses.
Vida de ostentação
À frente das investigações, o delegado Alysson Keynes, do 18º Distrito Policial, detalhou que a "rainha da sucata" ganhava um salário de cerca de R$ 1.400 como auxiliar administrativo.
Ainda assim, Valdirene frequentemente fazia postagens nas redes sociais ostentando em viagens, hotéis de luxo e casas, o que levantou a suspeita do esquema criminoso. As imagens publicadas na internet foram monitoradas pelas equipes da polícia por cerca de 2 meses e estão auxiliando nas investigações.
Até agora, seis pessoas já prestaram depoimento à polícia, como a própria suspeita, o companheiro, a mãe, a irmã, o padrasto e o motorista.