Capitão da Aeronáutica vai a júri; "A pena deve ser do tamanho da barbárie", diz família das vítimas

O capitão é acusado de um homicídio e duas tentativas de homicídio. O crime aconteceu no ano de 2020, em Fortaleza

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
predio local crime
Legenda: Crimes ocorreram em prédio no bairro José Bonifácio, em Fortaleza.
Foto: Rafaela Duarte

O capitão reformado da Aeronáutica Luís Eduardo Ferreira de Mello vai a júri popular nesta segunda-feira (6). Luís Eduardo é réu por um homicídio e duas tentativas de homicídio. Todas as vítimas eram conhecidas do acusado. Entre elas, Fernando Carlos Pinto, avô paterno de um neto em comum entre eles.

O julgamento está programado para começar às 9h e deve acontecer de forma híbrida, presencial e por videoconferência. O júri ocorre menos de dois anos após o crime que abalou toda uma família. "Ele matou o meu irmão e ainda atirou em outras pessoas. A pena a ser aplicada tem que ser do tamanho da barbárie", disse Fernando Antônio Pinto, parente das vítimas.

Os outros dois alvos de tentativa de assassinato foram a avó paterna e o pai da criança. Conforme o Ministério Público do Ceará (MPCE), o motivo do crime foi de natureza fútil, decorrente das brigas entre familiares das vítimas e do acusado. O capitão não aceitava que o companheiro da filha a tivesse engravidado e depois não ter casado com ela.

Fernando Antônio acredita que a Justiça finalmente será feita e que, com isso, a família das vítimas deve se sentir mais segura. "O julgamento não vai resolver a falta que sentimos, mas esse senhor preciso ser recluso por tempo igual ao tamanho da brutalidade que ele fez. Nós nos sentimos ameaçados por tudo que já foi dito", afirma o irmão do homem assassinado.

"Quando ele atingiu a nossa família, atingiu toda a sociedade. Ele mostrou autoritarismo absurdo, e isso precisa ser consertado"
Fernando Antônio Pinto


O assistente da acusação, Holanda Segundo, disse acreditar que o Corpo de Jurados da 4ª Vara do Júri distribuirá a Justiça "com uma punição exemplar, aplacando um pouco da dor que o acusado causou na família das vítimas com seu ato hediondo e injustificável que vitimou não só Fernando Pinto e seus familiares, mas também o menor inocente, privado do convívio com o avô paterno para o resto da vida e alienado do convívio com o pai”.

O advogado Delano Cruz, representante do capitão acusado, afirma que a defesa entende como legítima e compreensível as manifestações da família da vítima: "Entretanto faremos um trabalho técnico objetivando preservar o direito de um julgamento parcial. Tudo com o maior respeito. Esperamos fazer um trabalho tranquilo e com boa técnica, tudo para o julgamento seja justo e parcial".


AMEAÇAS

Consta na denúncia que em junho de 2020, o pai da criança chegou a lavrar Boletim de Ocorrência alegando que recebeu ligação do denunciado o ameaçando "que ele iria tomar as medidas que ele entendesse cabíveis".

"O modus operandi evidencia a utilização de meio que dificultou a defesa das vítimas, dado que estas foram surpreendidas pela súbita ação do acusado, ao efetuar diversos disparos de arma de fogo contra as mesmas, no momento em que faziam uma visita à criança (filho e neto)., em pleno exercício de um direito assegurado judicialmente. Ademais, a ação criminosa expôs um número indeterminado de pessoas a perigo comum, eis que os disparos foram efetuados tanto em local de livre circulação dos condôminos quanto em via pública", de acordo com a acusação.

O capitão vinha cobrando que o ex-genro casasse com a sua filha, pois ele tinha essa convicção religiosa.


No dia do crime, segundo testemunhas, houve desentendimento e luta corporal entre o acusado e o ex-genro, um advogado de 32 anos. O capitão teria retornado ao apartamento, apanhado uma arma e atirado em direção às pessoas. Para Fernando Antônio, Luís Eduardo "desceu do apartamento com a intenção de matar uma família inteira".

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