Acusado de matar vendedor, esquartejar corpo e jogar em mangue de Fortaleza é preso
O vendedor foi assassinado no mesmo local onde três mulheres foram mortas, em 2018, em um triplo homicídio que ficou conhecido nas redes sociais como caso do 'Mangue 937'
Um dos réus pela morte do vendedor Eduardo Lima Mota, 20, que teve o corpo esquartejado e jogado no mangue do bairro Vila Velha, em Fortaleza, voltou a ser preso. Bryan Santos Barroso foi detido em flagrante no último dia 1º de julho, após passar quase sete meses na condição de foragido da Justiça, por romper com o monitoramento eletrônico.
Bryan e outros acusados pelo homicídio, ocultação de cadáver e por integrar organização foram postos em liberdade, mas com aplicação de medidas cautelares, em novembro do ano passado. Na época, a Justiça reconheceu excesso de prazo na ação penal e decidiu revogar as prisões dos réus, também apontados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) como membro da facção Guardiões do Estado (GDE).
Dos sete acusados que passaram a ser monitorados com tornozeleira, Bryan foi o único a romper o sinal do equipamento e não comparecer na Central de Monitoramento para reativá-lo. A reportagem não localizou a defesa do denunciado.
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Em junho deste ano, o MPCE anexou ofício aos autos destacando a condição de foragido do réu. Dias depois, ele foi preso em flagrante, no bairro Meireles, após ter discutido com um desafeto e ido até a casa da vítima ameaçá-la de morte.
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Na audiência de custódia, o juiz decidiu converter a prisão em flagrante em prisão preventiva, considerando que Bryan vinha descumprindo a medida de monitoramento, que já foi condenado por tráfico de drogas e existe esta ação penal em andamento pela morte do vendedor
Caso Mangue 937
Em março de 2018, outro crime já havia acontecido no manguezal do mesmo bairro: as mortes de três mulheres torturadas e esquartejadas, em um caso que ficou conhecido nas redes sociais como 'Mangue 937'.
Seis homens foram condenados pelas mortes de Darcyelle Ancelmo de Alencar, Nara Aline Mota de Lima e Ingrid Teixeira Ferreira.
As mulheres tiveram seus corpos mutilados e foram mortas em uma combinação de cortes de facão e tiros. A motivação dos homicídios seria o fato de as vítimas serem integrantes de uma facção criminosa de origem carioca com atuação no Ceará. Elas foram consideradas rivais de uma organização originada em território cearense, e da qual os condenados pelos assassinatos fazem parte.
Cinco homens foram a júri popular em 27 de fevereiro de 2019, quase um ano após a barbárie, e pegaram, juntos, mais de 335 anos de prisão. O sexto, preso em 2020 por participação nas mortes, foi condenado a 83 anos de reclusão em abril de 2022.
Os condenados pelos crimes são Francisco Robson de Souza Gomes, Bruno Araújo de Oliveira, Jeilson Lopes Pires, Rogério Araújo de Freitas e Júlio César Clemente da Silva e Jonathan Lopes Duarte.
MORTO POR MORAR EM UMA REGIÃO DOMINADA POR FACÇÃO RIVAL
Oito homens foram acusados pela morte do vendedor, visto pela última vez, enquanto trabalhava, carregando produtos de limpeza.
Além de Bryan, foram denunciados pelo crime: Diego Carlos Costa, Lucas Emanuel do Nascimento Carvalho, Raul Seixas Lopes Moreira, Andrey Landim da Rocha, Antônio Marcos Costa, Jonathan Lopes Duarte e Francisco Claudemir da Silva Braga.
Antônio, Andrey, Raul e Francisco Claudemir foram beneficiados com o monitoramento eletrônico por seis meses, na mesma decisão proferida para Bryan. Eles cumpriram a medida e tiveram a monitoração encerrada
Conforme a denúncia do MPCE, os acusados integram a facção GDE, atuante no bairro Vila Velha. Eles teriam matado Eduardo em razão de o vendedor ser morador do Parque Potira, em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), localidade que à época era dominada pela facção Comando Vermelho (CV).
Eduardo vendia produtos de limpeza na região do bairro Vila Velha, no dia 12 de novembro de 2020, quando foi raptado por pelo menos dois criminosos. Familiares e o seu chefe perderam o contato com ele, e a mãe do jovem chegou a receber uma mensagem do mesmo no celular pedindo para ela não chorar, caso ele fosse preso ou assassinado.
No dia seguinte, o pai registrou um Boletim de Ocorrência (B.O.) pelo desaparecimento do filho. O Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) colaborou nas buscas e encontrou primeiro uma perna humana.
As investigações da Polícia Civil do Ceará (PCCE) descobriram que os dois criminosos levaram Eduardo ao encontro dos comparsas, em um local onde o jovem foi torturado e esquartejado ainda com vida. Depois, as partes do corpo da vítima foram enterradas em um mangue, no Vila Velha.