Um mês após reabertura, número de visitantes na estátua do Padre Cícero é quase 10 vezes menor

O principal cartão-postal de Juazeiro do Norte tinha, antes da pandemia, média diáira de 3 a 5 mil visitantes. Agora, gira em torno de 200 a 300 pessoas. A queda gerou impacto financeiro

Escrito por Antonio Rodrigues , regiao@svm.com.br
Legenda: Número de visitante tem impacto a renda de ambulantes
Foto: Antonio Rodrigues

Após pouco mais de um mês de sua reabertura para visitação, a Colina do Horto, em Juazeiro do Norte, onde está erguida a estátua do Padre Cícero, registra um número de visitantes pelo menos dez vezes menor que o habitual. Desde o último dia 16 de setembro, quando o acesso foi permitido, a média diária, segundo o grupo Salesiano, gestor do lugar, passou a ser entre 200 a 300 pessoas. Antes da pandemia da Covid-19, a frequência diária variava entre 3 mil a 5 mil visitantes. Em época de romaria, chega a 15 mil. A queda trouxe impacto financeiro a ambulantes e ao próprio grupo que administra o local.   

Principal cartão-postal de Juazeiro do Norte, recebendo anualmente 2 milhões de visitantes, o Horto foi fechado no mês março para visitação, atendendo as medidas sanitárias por decorrência da pandemia. Em abril, por exemplo, foram colocadas grades para impedir a entrada de fiéis durante a Semana Santa. Agora, após a reabertura, há controle de visitantes com avaliação de temperatura na entrada. O acesso funciona de 7h às 12h e de 14h às 17h, mas sem as chamadas "caravanas", que reúne dezenas de romeiros.   

O aposentado José Felix de Sousa, 84, natural de Iguatu, mas que mora no município de Fortim, aproveitou a vinda de amigos para apresentar a estátua do Padre Cícero. Mesmo sob sol forte, não perdeu oportunidade de ser fotografado aos pés do “padim”.

“Eu não esperava esse movimento muito pouco. De vez em quando venho. Aqui é uma cidade muito boa”, pontuou.  

A gestora da Colina do Horto, Francisca Maria de Santana, ressalta que o retorno das atividades vem acontecendo num processo gradual, debatido através de reuniões entre comerciantes e colaboradores. “Tudo para que pudesse acolher os visitantes da melhor forma possível e também se prevenir contra o coronavírus”, ressaltou. 

A queda de visitantes, segundo ela, foi um impacto muito grande na arrecadação. “No nosso caso, devido todo o processo de organização, tivemos que readaptar o espaço, dispor álcool em gel em vários lugares, colocar pessoas aferindo a temperatura na portaria e outras orientando visitantes quantos as medidas sanitárias, além da higienização do espaço”, explica. Os alto-falantes também reforçam os cuidados ao longo do dia.

Impacto

A pandemia também obrigou a organização a diminuir o funcionamento do comércio no local, que inclui lojas e vendedores ambulantes. A melhor saída foi realizar um revezamento: um grupo vai ao Horto em dias ímpares, enquanto outro trabalha em dias pares, garantindo a circulação de 50%.

Ao todo, são 500 permissionários, mas durante as romarias, este número salta para 800. “Muitos ainda não vão retornar agora, devido a idade mesmo, o cuidado para não ter a doença”, destaca Francisca.  

Aos que conseguem trabalhar no Horto, a queda de visitantes também acompanhou seu bolso. “O prejuízo foi grande demais. Diminuiu muito. A gente vem porque não tem outra coisa”, conta Raimundo Pedro da Silva, que fotografa há mais de 20 anos aos pés da estátua.  

Restrição

Inaugurado em 1º de novembro de 1999, no antigo Casarão do Horto, a Casa Museu do Padre Cícero, que é vizinha ao monumento, permanece fechado. O espaço possui cinco ambientações com personagens em tamanho real criados a partir de resina de poliéster. Os cenários vão desde o “padrinho” tomando café da manhã com amigos até ele rezando uma missa ao lado da beata Maria de Araújo. O lugar também é alvo de depósito dos ex-votos — esculturas de madeira deixadas em cumprimento de alguma promessa.  

“O fechamento do museu não é escolha nossa. Já tinha preparado todo o ambiente, mas seguimos a retomada gradual do Estado. Conversamos com Ministério Público, solicitei informações, e após consultar o Governo, vimos que não tem essa autorização”, explica Fátima.

Sua permissão de funcionamento depende do avanço da macrorregião do Cariri no Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas, o que pode acontecer nas próximas semanas, a partir da análise dos dados epidemiológicos, informa a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).  

A capelinha dentro do Casarão está aberta para receber os ex-votos. Além disso, também está permitido o acesso à Igreja Bom Jesus do Horto, assim como o Santo Sepulcro, que fica após uma trilha de cerca de quatro quilômetros da estátua do Padre Cícero. 

Com formação de grandes pedras, cruzeiros e estacas de madeira, o lugar se tornou um espaço de devoção popular. Lá, há várias capelinhas onde os fiéis costumam deixar ex-votos; Alguns se desafiam a passar entre grandes rochas para se “purificar dos pecados”. 

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