Trussu apresenta rachaduras

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Buracos com profundidade superior a cinco metros comprometem a barragem do Trussu

Iguatu. A parede do Açude Roberto Costa (Trussu), localizado no distrito de Suassurana, município de Iguatu, apresenta rachaduras e buracos na parte superior. A erosão tem trazido preocupação para os moradores. O temor aumenta com a chegada da estação chuvosa na região Centro-Sul. A mata de jurema também ocupa maior parte da área por onde há canaletas para escoamento das águas pluviais. O reservatório é administrado pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).

Nos últimos meses aumentaram as rachaduras existentes na parede do Açude Trussu, que tem capacidade de acumular 300 milhões de metros cúbicos. Atualmente, o reservatório está com 40% do volume máximo. A erosão verificada em alguns pontos impede que a água das chuvas escorra pelas canaletas no lado jusante da parede, contribuindo para aumentar o tamanho e a profundidade dos buracos.

Problemas de erosão

Segundo os moradores, há buracos que têm uma profundidade superior a cinco metros, embora na parte superior tenham uma abertura pequena. Inaugurado em 1996, essa é a terceira vez que a parede do Açude Trussu apresenta problemas de erosão. Nas vezes anteriores, operários colocaram piçarra para preencher as rachaduras, mas a erosão reapareceu em pontos diferentes.

Os moradores e visitantes ficam preocupados quando observam as rachaduras na parte superior da parede do reservatório. “Desde o ano passado que esses buracos estão ali e só aumentam”, observa o diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Sebastião Alves. “Isso traz preocupação para as famílias que moram próximo ao açude, por isso algo deve ser feito”.

O agricultor José Gomes costuma atravessar a parede do açude quase que diariamente. “A gente fica temeroso ao passar por perto e vê esses buracos”, disse. “Tem uns que são muito fundo”. O representante comercial, Carlos Ribeiro, de férias com a família, estava conhecendo o reservatório e também mostrou preocupação. “Com a chuva, a tendência é aumentar as rachaduras e o processo de erosão”, disse. “Os responsáveis devem adotar providências o quanto mais cedo”, reclamou ele.

O pescador Marcos da Silva acredita que as rachaduras não trazem risco de arrombamento. “Vi a construção desse açude e a parede é muito grande”, disse. O agricultor Francisco Lima, morador da Agrovila Ingá, necessita passar pela parede do reservatório, que é usada como estrada de acesso por muitas pessoas. “A cada inverno esses buracos reaparecem e aumentam”, disse. “Se não cuidarem logo, a tendência é aumentar mais ainda”.

No período de férias e com a chegada do feriadão do Carnaval aumenta o número de visitantes no balneário do Açude Trussu. Passeio sobre a parede do reservatório é um roteiro que atrai muitas pessoas. O fluxo de pedestres, motos e carros cresce no período. A chegada da quadra invernosa contribui ainda mais para o aumento da erosão na parte superior da parede e crescimento da mata nativa na lateral da parede.

O gerente local do reservatório, Cléber Cavalcante, mostrou uma série de ofícios que tem enviado para a direção regional do Dnocs no município de Icó. Desde abril de 2006 que Cavalcante envia correspondências oficiais comunicando a existência de buracos e da mata que ocupa a lateral da parede do Açude Trussu.

“Cumprimos com a nossa obrigação de relatar a ocorrência desses buracos”, contou. Ele descarta, entretanto, o risco de problemas maiores. “São rachaduras no sentido horizontal e mais localizadas no lado oposto da parede”. Segundo Cléber Cavalcante, técnicos de uma empresa de São Paulo estiveram, recentemente, durante uma semana, fazendo levantamentos topográficos da parede do reservatório e, também, do sangradouro.

“Há um projeto para recuperação dessas rachaduras que já está na direção geral do órgão e em breve deve ser executado”, disse. “Sei que muitas pessoas estão preocupadas e reclamam providências, mas elas serão adotadas”, garante ele.

SAIBA MAIS

Origem

O Açude Trussu, localizado no distrito de Suassurana, distante 20km da cidade de Iguatu, foi projeto na década de 1950. Era um antigo sonho dos moradores. A obra somente começou a ser executada mais de 40 anos depois.

Escavações

Sob um novo projeto do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), a construtora EIT começou os trabalhos de escavação e construção da parede no início da década de 1990.

Parceria

A construção sofreu várias paralisações em face do atraso de liberação de recursos do orçamento da União. Após uma parceria com o governo do Estado, a obra foi concluída em 1995 e inaugurada em 1996. Foi denominada oficialmente de Açude Público Roberto Costa, numa homenagem ao ex-prefeito do município de Iguatu.

Abastecimento

O Trussu está atualmente com apenas 120 milhões de metros cúbicos. É o nível mais baixo desde a sua primeira cheia. O reservatório só transbordou uma vez, em março de 2004. Abastece a cidade de Iguatu e há projeto para abastecimento da cidade de Acopiara. As águas do Trussu perenizam o rio de mesmo nome, afluente do Jaguaribe, mas os projetos de irrigação ao longo das várzeas são reduzidos. Isto é, há pouco aproveitamento para a agricultura e pecuária.

Honório Barbosa
Repórter