Safra de caju deve ter queda de 11% em relação a 2020, aponta IBGE

Fatores climáticos são relacionados como causa de redução da colheita

Escrito por Honório Barbosa , regiao@svm.com.br
CAJU, FRUTO NA MÃO DO AGRICULTOR; FOTOS DE HONÓRIO BARBOSA
Legenda: Com quatro polos agrícolas (Aracati, Pacajus, Itapipoca e Camocim), o Ceará é o maior produtor da fruta no Brasil
Foto: Honório Barbosa

O Ceará tem uma expectativa de queda na safra de caju deste ano em torno de 11% em relação a 2020. A estimativa é do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Redução de chuva, ocorrência de precipitações fora de época nas áreas produtivas e insolação são fatores climáticos que devem impactar de forma negativa a colheita até o fim de dezembro próximo.

Com quatro polos agrícolas (Aracati, Pacajus, Itapipoca e Camocim), o Ceará é o maior produtor da fruta no Brasil, respondendo por cerca de 60% da safra na região Nordeste.

Em 2020, a safra estimada foi de 85 mil toneladas. Para este ano, deve ficar em torno de 75 mil. Em 2019, a colheita foi de 87 mil toneladas. Os números foram apresentados pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA).

Castanha-de-caju

O IBGE apresenta dados referentes à safra da castanha-de-caju, que segue redução proporcional da safra. Em 2020, foram colhidas 138 mil toneladas e, para este ano, espera-se uma colheita de 123 mil toneladas, ou seja, 11% a menos.

Outro dado do IBGE mostra que em 2020, a safra de castanha-de-caju apresentou produtividade de 316kg/hectare e para este ano, a previsão é de 252kg por hectare.

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Tecnologia

Os técnicos e gestores que trabalham com a cajucultura mostram a necessidade de se avançar na substituição do cajueiro antigo, comum, por variedade precoce, que é mais adensada e de maior produtividade.

Outro aspecto abordado é a mudança na exploração da cultura, que deve deixar de ser extrativista e ser encarada como fruticultura a partir dos tratos e tecnologias empregados.

“Esses são os desafios que precisamos vencer, embora nos últimos anos já tivemos bons avanços”, pontuou o agrônomo e técnico da SDA, José de Souza Paz.

Entre 2008 e 2017, tivemos o programa de substituição de copa, que deverá ser reativado e continuamos com a distribuição de mudas de cajueiro anão-precoce pelo Programa Hora de Plantar, que agora é uma política de Estado”
José de Souza Paz
Agrônomo e técnico da SDA

Para o secretário executivo do Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Sílvio Carlos Ribeiro, “é preciso ampliar a produtividade da cajucultura e não tratar a atividade como extrativista, mas como fruticultura de alto desempenho”.

Sílvio Carlos Ribeiro acredita que “os resultados do trabalho de renovação de cajueiros velhos por plantas precoce de alta produtividade ainda vão aparecer”.

Ao defender a cajucultura de alto desempenho, Sílvio Carlos mostra a diferença de safra em um hectare, passando de uma colheita de 300 para 3 mil quilos de castanha. “Temos plantios experimentais que mostram esses resultados no Projeto Irrigado Tabuleiro de Russas e no Jaguaribe – Apodi”, frisou.

"Chuvas do caju" atrapalham a safra

Diferentemente do que o senso comum aponta, as chamadas "chuvas do caju", que ocorrem na faixa litorânea, na pós-estação chuvosa, atrapalham a safra, aliada a ventos fortes.

O pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa em Agroindústria Tropical da Empresa Brasileira de Produção Agropecuária (Embrapa), em Fortaleza, Afrânio Montenegro, explicou que a produção do cajueiro só começa depois que as chuvas cessam e pontuou que "o caju gosta de água no pé do caule, e não na poda".

O Ceará tem uma área estimada de 275 mil hectares de plantações de caju. Desse total, a maior parte é de cajueiro comum, o chamado "gigante", e 96 mil hectares (35%) da variedade anão-precoce.

O cajueiro gigante tem produtividade média de 327 quilos por hectare, enquanto a da variedade precoce é de 528 kg/ha.

Em 2019, o cajueiro nativo, comum, ocupou uma área de 179 mil hectares e produziu 39 mil toneladas. Já o anão-precoce foi cultivado em 48 mil hectares e produziu 48 mil toneladas. “A variedade precoce representa mais de 50% da produção cearense”, ressaltou Paz.  

 

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