Penitentes submetem-se a preces e autoflagelo
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Redação
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Barbalha (Sucursal/Crato) - O cantochão ecoa nas estradas do Cariri, quebrando o silêncio da madrugada chuvosa. O bendito interminável, intercalado com rezas, é entoado por um grupo de penitentes de Barbalha, que mantém viva uma das mais antigas manifestações de religiosidade popular da Semana Santa: a Ordem dos Penitentes, que busca castigo corporal, para os homens, e nas preces, para as mulheres, a garantia da entrada no céu.
São agricultores pobres, que se cobrem com lençóis para não serem reconhecidos e cumprem um ritual religioso que não é recomendado pela Igreja Católica. Rezam nos pés das cruzes que encontram no caminho e visitam os cemitérios. Alguns se autoflagelam, usando lâminas de aço na ponte dos chicotes.
Na pedagogia da Igreja, segundo o padre Edmilson, vigário da Sé Catedral do Crato, há tempos em que os cristãos são especialmente convidados à prática da penitência. “A penitência é uma expressão muito significativa da união dos cristãos ao mistério da Cruz de Cristo. Por isso a Quaresma, enquanto primeiro tempo da celebração anual da Páscoa, e a sexta-feira, enquanto dia da morte do Senhor, sugerem naturalmente a prática da penitência”. Os fiéis poderão cumprir o preceito penitencial, escolhendo formas de penitência reconhecidas pela tradição, tais como a oração e a esmola, ou mesmo optar por outras formas, de escolha pessoal, como por exemplo, privar-se de fumar, de algum espetáculo.
No que respeita à oração, poderão cumprir o preceito penitencial através de exercícios de oração mais prolongados e generosos, tais como: o exercício da Via-Sacra, a recitação do Rosário, a participação na Santa Eucaristia, uma leitura prolongada da Sagrada Escritura, a partilha, ou a esmola ao pobre que pede o jejum em sua porta. Este ano, a Igreja está recomendando como penitência a confissão auricular. Em todas as paróquias da Diocese foram realizados mutirões de confissões
Os grupos de penitentes podem estar interpretando de forma distorcida e exagerada uma orientação da Igreja Católica. Esta teologia remonta aos frades espanhóis do primeiro milênio do cristianismo. Os rituais de penitência apareceram nos primeiros séculos da era cristã para domar os desejos da carne e as fantasias do espírito.
No Cariri, as ordens de penitentes surgiram por volta de 1860, época de fome e peste, incentivadas pelo padre Mestre Ibiapina, cujo processo de canonização encontra-se em andamento.
O mais conhecido grupo de penitentes do Cariri é o do Sítio Cabeceiras , município de Barbalha, um local místico, marcado por lendas como a de Vicente Finim que, segundo o imaginário popular, virava lobisomem nas noites de lua cheia.
Liderados por Joaquim Mulato, o grupo passou muito tempo no anonimato. Com a folclorização da festa de Santo Antônio de Barbalha, os penitentes foram incorporados aos festejos.
Nesta Semana Santa, eles estão de volta ao cenário místico do sertão no papel de penitentes, pobres pecadores que acreditam na salvação de suas almas através do sofrimento. Afinal, diz Joaquim Mulato, foi assim que Cristo nos salvou.
São agricultores pobres, que se cobrem com lençóis para não serem reconhecidos e cumprem um ritual religioso que não é recomendado pela Igreja Católica. Rezam nos pés das cruzes que encontram no caminho e visitam os cemitérios. Alguns se autoflagelam, usando lâminas de aço na ponte dos chicotes.
Na pedagogia da Igreja, segundo o padre Edmilson, vigário da Sé Catedral do Crato, há tempos em que os cristãos são especialmente convidados à prática da penitência. “A penitência é uma expressão muito significativa da união dos cristãos ao mistério da Cruz de Cristo. Por isso a Quaresma, enquanto primeiro tempo da celebração anual da Páscoa, e a sexta-feira, enquanto dia da morte do Senhor, sugerem naturalmente a prática da penitência”. Os fiéis poderão cumprir o preceito penitencial, escolhendo formas de penitência reconhecidas pela tradição, tais como a oração e a esmola, ou mesmo optar por outras formas, de escolha pessoal, como por exemplo, privar-se de fumar, de algum espetáculo.
No que respeita à oração, poderão cumprir o preceito penitencial através de exercícios de oração mais prolongados e generosos, tais como: o exercício da Via-Sacra, a recitação do Rosário, a participação na Santa Eucaristia, uma leitura prolongada da Sagrada Escritura, a partilha, ou a esmola ao pobre que pede o jejum em sua porta. Este ano, a Igreja está recomendando como penitência a confissão auricular. Em todas as paróquias da Diocese foram realizados mutirões de confissões
Os grupos de penitentes podem estar interpretando de forma distorcida e exagerada uma orientação da Igreja Católica. Esta teologia remonta aos frades espanhóis do primeiro milênio do cristianismo. Os rituais de penitência apareceram nos primeiros séculos da era cristã para domar os desejos da carne e as fantasias do espírito.
No Cariri, as ordens de penitentes surgiram por volta de 1860, época de fome e peste, incentivadas pelo padre Mestre Ibiapina, cujo processo de canonização encontra-se em andamento.
O mais conhecido grupo de penitentes do Cariri é o do Sítio Cabeceiras , município de Barbalha, um local místico, marcado por lendas como a de Vicente Finim que, segundo o imaginário popular, virava lobisomem nas noites de lua cheia.
Liderados por Joaquim Mulato, o grupo passou muito tempo no anonimato. Com a folclorização da festa de Santo Antônio de Barbalha, os penitentes foram incorporados aos festejos.
Nesta Semana Santa, eles estão de volta ao cenário místico do sertão no papel de penitentes, pobres pecadores que acreditam na salvação de suas almas através do sofrimento. Afinal, diz Joaquim Mulato, foi assim que Cristo nos salvou.