Idosa usa redes sociais para incentivar a vacinação: 'Na ciência está nossa esperança'

O exemplo vem da cidade de Cedro, no Centro-Sul cearense, e resiste à disseminação de ‘fake news’ que dominam as plataformas digitais

Escrito por Honório Barbosa e Wandenberg Belém , regiao@svm.com.br
Cedro
Legenda: O casal Francisca Bezerra (82) e Luis Francisco (85) foi vacinado nesta quarta-feira (27) em Cedro.
Foto: Wandenberg Belém

Uma idosa, de 82 anos, moradora da cidade de Cedro, na região Centro-Sul do Ceará, usa as redes sociais para disseminar notícias verdadeiras sobre a pandemia do novo coronavírus entre amigos de parentes. Francisca Bezerra, conhecida como Quinquinha, recebeu na manhã desta quarta-feira (27) a primeira dose da vacina de Oxford/Astrazeneca e não perdeu tempo: disparou mensagens de WhatsApp para dizer que “tomem a vacina, sejam fortes e não acreditem em falsas notícias porque na ciência está a nossa esperança”.

No ano passado, Quinquinha, como prefere ser chamada, ganhou do neto Marciel Bezerra, fotógrafo e radialista, um smartphone, e logo aprendeu a usar o WhatsApp. “Participo de vários grupos, mas não repasso coisas falsas, besteiras, só notícias sérias que vejo nos jornais”, reforçou. “Não olhem para as informações mentirosas, assistam jornais na TV e fiquem atualizadas, não só vejam só o lado negativo”.

Esperançosa e otimista, a aposentada disse, após ser imunizada em casa, que “a vacina não doeu e estou muito confiante e animada que aqui está a cura, a proteção contra essa pandemia que já matou e maltratou muita gente”. Ela também pediu que as pessoas continuem "usando máscara, limpando as mãos e conversando de longe". 

O marido dela, o aposentado Luís Alves, 85 anos, também foi vacinado e segue a mesma ideia da esposa ao defender o recebimento do imunizante. “Acho que ninguém deve ter medo, temos de confiar nos médicos”, disse. Ele lembrou que crianças e idosos “tomam outras vacinas há muito tempo e dá tudo certo”, frisou.

O professor de Comunicação Social do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará, Nonato Lima, parabenizou o comportamento da aposentada Francisca Bezerra. “Há uma pandemia de notícias falsas que circulam nas redes sociais e muitos preferem acessar essas plataformas a olhar de forma crítica os jornais e sites confiáveis”, disse. “Sem dúvida, é um bom exemplo”.

Cedro
Legenda: O carroceiro aposentado, Francisco Herculano, de 82 anos, foi o primeiro a ser vacinado em Cedro.
Foto: Wandenberg Belém

Campanha

A cidade de Cedro começou na manhã desta quarta-feira (27) a vacinar os idosos acima de 75 anos e complementar a imunização dos profissionais de Saúde que estão na linha da frente da pandemia do novo coronavírus. “Já orientamos todas as cidades e seguimos as determinações da Secretaria de Saúde do Estado”, observou a secretária de Saúde de Cedro e presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), Sayonara Cidade Moura.

Em casa, deitada em uma cama, Julieta Bezerra Viana, 99 anos, também foi imunizada. A filha dela, Francisca Natália Viana, estava contente. “É uma alegria muito grande, Deus é muito bom e eu pensava que a vacina iria demorar ainda muito tempo, mas agora minha mãe está protegida”.

Cedro
Legenda: Dona Julieta Viana, que vai completar 100 anos no próximo dia 12 de fevereiro, foi uma das primeiras idosas a receber a vacina em Cedro.
Foto: Wandenberg Belém

O aposentado Francisco Herculano, 82 anos, permaneceu por cinco meses isolado em casa, após o início da pandemia e das medidas de isolamento social em 18 de março de 2020. “Chegou um tempo que ele não aguentou e pediu para tomar o banho de sol, sair um pouco”, contou o filho, o professor Cícero Alves. “Ele sai, mas sempre de máscara e fica distante dos amigos e aqui em casa a gente não recebe visitas”.