Museus fazem parte da história

Escrito por Redação ,
Legenda:
Foto:
Juazeiro do Norte Museus se espalharam por Juazeiro do Norte ao longo dos seus curtos e bem vividos quase 100 anos. A referência maior, em todos eles, é o Padre Cícero e os outros personagens gravitaram em torno de sua figura mítica. Todos compõem a história da cidade, que teve muitos momentos polêmicos e controversos. São passagens contadas e recontadas, de formas diversas, sob o olhar dos intelectuais ou dos poetas populares. Juazeiro assumiu um encanto ao longo desses anos, que leva milhares de pessoas para ver os seus exemplares, conhecer um pouco do que fez brotar essa terra de tantos mistérios e milagres. No Juazeiro estão o Museu Vivo, Memorial Padre Cícero e Museu São José.

Locais como o Horto, onde fica o monumento do Padre Cícero, Museu Vivo e o casarão centenário, é um dos principais locais a ser visitado na cidade. Está localizado na Serra do Horto e pertenceu ao Padre Cícero. Era o espaço onde escrevia as cartas que hoje são parte de um acervo importante.

Museu Vivo

A história da Colina do Horto começa pelo casarão, local escolhido pelo Padre Cícero Romão Batista para meditar e fazer orações. O Museu Vivo do Padre Cícero abriga réplicas em tamanho natural do patriarca dos nordestinos e pessoas que eram da sua convivência. Em salas e quartos, encontra-se a presença das imagens, em momentos de descanso, oração e conversas com Floro Bartolomeu, as beatas, a exemplo da sala de jantar.

Para a escolha do local, o líder religioso, segundo o padre José Venturelli, salesiano atualmente responsável pela administração da área, viu semelhança com Jerusalém, um local de retiro espiritual. O terreno foi doado pelos Bezerra, na época. Era a Serra do Catolé. O visionário Padre Cícero, realmente estava certo. O Horto, ao longo dos anos, passou a ser um dos maiores centros de oração do Brasil.

Algumas reformas estavam previstas para acontecer no local, principalmente, melhorias no velho casarão. Para a comemoração do Centenário, houve uma pintura da casa, com fachada preservada. Para fazer o caminho dos personagens dentro da casa, em todos os seus cômodos, os visitantes seguem pela capela, percorrem espaços como a sala dos ex-votos, quartos e sala de oração, com um quadro do Coração de Jesus, adquirido pelo Padre Cícero em Roma, há mais de 100 anos. Na sala de jantar está o maior número de personagens.

Padre Venturelli destaca a importância do local e diz que a edificação tem um grande valor espiritual. A originalidade do prédio é uma das constantes preocupações do administrador. A capela do Senhor Bom Jesus do Horto reúne o maior número de fiéis, dentro do Museu, e foi restabelecida em sua estrutura inicial, com a retirada do mezanino, construído na época da instalação do museu. Por ser um dos centros de maior convergência dos fiéis, onde se encontra o monumento do Padre Cícero, é também um dos espaços mais visitados.

Casarão da Rua São José

Na Rua São José, no Centro da cidade, também se encontra um dos espaços mais populares e visitados pelos romeiros. Onde se pode conhecer o lado ecológico do sacerdote, por exemplo. Algumas aves estão empalhadas e existem vários exemplares de animais. A casa foi morada do Padre Cícero e um dos principais pontos de referência dos romeiros que buscavam ouvir os conselhos e, também, as orações do "Padim".

Está sob a administração dos salesianos. Ano passado, por decisão dos administradores, foi aberta a biblioteca do Padre Cícero, com vários livros que pertenceram ao sacerdote. Boa parte do material passa por digitalização por uma equipe de técnicos e profissionais. No local, também pode ser encontrada maquete com a grande igreja inspirada pelo Padre Cícero, em estilo mourisco, para ser construída no Horto. Ano passado, foi descoberta no quintal da velha casa uma espécie de passagem secreta. Não se sabe com que objetivo foi construída.

Até hoje não houve readaptação da casa. Todos os objetos, como também a sala dos milagres, com ex-votos e fotos de pessoas que fizeram promessas, estão lá. E o mais interessante é que a sensação de quem visita o espaço na época de romaria, principalmente, é que os romeiros se sentem, pela própria composição de simplicidade, como se estivessem em sua própria casa.

O Memorial Padre Cícero foi inaugurado em 22 de julho de 1988. O espaço se configura como um dos mais suntuosos, em relação ao padrão de museus da cidade, contando com um auditório para 375 pessoas. O espaço de exposição contém boa parte de material doado, além de objetos que pertenceram ao Padre Cícero, a exemplo das vestimentas sacerdotais e até louças do aparelho de jantar e talheres de prata. Está situado de frente a Capela do Socorro, onde estão sepultados os restos mortais do "patriarca" de Juazeiro.

O local conserva uma exposição fotográfica sobre fatos históricos, como a sedição de 1914, em Juazeiro do Norte, além do testamento do sacerdote, um dos mais importantes e valiosos da cidade. Depois de 20 anos o Museu deverá passar por uma reforma. Durante o período de chuvas chegou a ficar fechado, apresentando diversos problemas de infiltrações, na parte elétrica e hidráulica, necessitando de reparos urgentes. A meta é que estes trabalhos estejam prontos, para atender à programação alusiva à festa dos 100 anos da cidade.

O acervo do museu conta com mais de mil peças, grande parte delas objetos que pertenceram ao Padre. Em média, o espaço tem uma visitação anual, com maior intensidade durante as romarias, de pelo menos 45 mil pessoas. No local são encontradas coleções importantes para a imprensa do Estado, como a do jornal O Rebate, primeiro jornal da cidade que completou 100 anos, marcando o início das comemorações do Centenário de Juazeiro. (ES)

INFRAESTRUTURA
Memorial deve ter reformas para se modernizar

Juazeiro do Norte
Uma das propostas para a reforma do Memorial Padre Cícero era conseguir financiamento por meio de projeto enviado para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), concorrendo com vários outros museus à conquista de investimentos na ordem de R$ 200 mil. Mas a reforma estaria restrita apenas a parte onde estão expostas as peças. Essa iniciativa foi de uma administração anterior, mas o projeto não deu certo. Agora se aguarda a iniciativa da administração local para serem feitas, pelo menos, as reformas providenciais.

As modificações vão desde a melhoria de banheiros, instalações elétricas e hidráulicas, modernização e melhoria da segurança do Museu, modernização e aquisição de mais livros para a biblioteca, funcionamento da central de ar do auditório, que atualmente funciona com climatização por meio de ar condicionado, troca de carpetes, melhoria do palco e mudanças dos assentos.

Moderno

O Memorial, mesmo com peças raríssimas que pertenceram ao Padre Cícero, sequer possui um sistema interno de segurança. A meta é proporcionar um design moderno para o Museu. Existem meses, principalmente nas romarias, que a visitação ultrapassa os 10 mil visitantes. A pretensão da coordenação é também informatizar o Museu e a Biblioteca, que conta com 23 livros catalogados. O Memorial já foi centro de grandes eventos da região, formaturas e, inclusive, veio somar no processo de convergência dos debates em torno do Padre Cícero.

No local já foram realizados simpósios sobre o sacerdote, que são eventos que reúnem intelectuais de várias partes do Brasil e do mundo, e universidades da região, com a finalidade de debater as principais questões em torno do Padre. E também, caso haja as reformas necessárias, existe a possibilidade de que o local seja palco dos grandes eventos em torno do Centenário da cidade.

MAIS INFORMAÇÕES
memorial Padre Cícero: (88) 3521.4487/ Museu Vivo: Caixa Postal 20/ Colina do Horto: (88) 3511.6006/ Museu São José: (88) 3511.2876