Governo decreta estado de Calamidade Pública em Quiterianópolis

Comunidades da cidade continuam ilhadas e sem energia. A chuva que causou arrombamento de sete açudes deixou estragos sem precedentes. Defesa Civil e Bombeiros fazem ações no Município que contabiliza os danos

Escrito por André Costa , andre.costa@svm.com.br
Legenda: Em alguns pontos críticos, como na localidade de Caieiras, moradores pagavam R$ 2 para ser transportados em uma canoa
Foto: Foto: Wandenberg Belém

Recomeçar. Esse verbo tão utilizado em momentos de pós-crise está difícil de ser empregado em Quiterianópolis, cidade devastada pelas chuvas do início da semana. Os estragos foram tão grandes que, após o Município decretar estado de calamidade pública na segunda-feira (16), ontem, o Estado publicou um decreto semelhante incluindo, além de Quiterianópolis, Crateús, Tauá e Novo Oriente, que também foram afetadas pelas chuvas.

Pouco mais de um dia após a tragédia que afetou um número ainda incalculável de pessoas, os moradores encontram dificuldade para se reerguer. "Não é fácil", reconhece o agricultor Edilson Bezerra. Ele foi um dos tantos que "perdeu tudo" diante do arrombamento de sete açudes na zona rural do Município.

"A água subiu com uma força violenta. Me acordei assustado por volta das 2 horas. Logo depois a casa do vizinho desabou. A minha, às 3h30. Minha esposa e eu conseguimos escapar pela cozinha. Foi um terror", rememora.

A coordenadora da Assistência Social do Município, Tays Farias de Brito, dimensiona bem os impactos da enxurrada. "Comunidades inteiras estão sem comida, sem água potável, sem energia. Estão completamente ilhadas", relatou. Pelo menos seis comunidades foram afetadas. As situações mais graves estão em Santa Rita, São Miguel e Caieiras. Nesta última comunidade, o acesso se dá apenas através de barcos. A orientação da Defesa Civil é de que os moradores que residam em áreas de risco, próximo a outras barragens que estão na iminência de rompimento, "deixem suas casas imediatamente".

Conforme o coordenador da Defesa Civil do Estado, Freitas Filho, os estragos estão sendo mensurados e, ainda, não é possível precisar quantas famílias foram afetadas. Três sobrevoos - sendo dois ontem - foram realizados no Município. O conserto nas paredes dos açudes rompidos deve ser realizado somente após o nível da água recuar, informou Freitas. As famílias ilhadas estão sendo removidas das áreas de risco em botes. As desabrigadas foram levadas para prédios municipais e casas de parentes. A Enel já foi contatada para normalizar o abastecimento de energia das comunidades. Postes foram ao chão com a força das águas.

Decretos

O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Luiz Claúdio Araújo Coelho, explica a diferença entre ambos os decretos. "Quando feito pelo município, os recursos destinados para atender são provenientes do Estado. Quando este decreto é feito pelo Governo, ele necessariamente tem que atender uma área mais abrangente, geralmente mais de um município e os recursos são enviados pela União".

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Acompanhamento 
As famílias atingidas estão sendo assistidas por profissionais da Saúde (médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros).

Rede de apoio
Voluntários estão arrecadando roupas, água potável e alimentos não-perecíveis para as famílias atingidas. Estima-se que mais de mil pessoas tenham sido afetadas.

Sem acesso
O arrombamento dos sete açudes na zona rural do Município deixou comunidades inteiras ilhadas e sem acesso. Defesa Civil do Estado e Corpo de Bombeiros realizam os resgates em botes e barcos.

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