Floricultura cultiva rosa exclusiva
São Benedito. Iracema. Este é o nome de batismo da bela rosa vermelha, exclusiva do Ceará, patenteada, que surgiu no cultivo das estufas da empresa CeaRosa, em São Benedito, na Serra da Ibiapaba. De caule retinho dispensando tutorio (arames de suporte para segurar a haste) e com poucos espinhos, a rosa mutante ainda não existe em outro lugar.
“A rosa é resultado de mutação própria da planta”, explica a administradora da CeaRosa, Kelly Cristina Costa, e, apesar de a variedade ainda estar em fase de análise pelos técnicos, os produtores que pretenderem trabalhar a espécie florística, terão que pagar royalties (retribuição financeira pelo uso da marca) à empresa.
“Ela é uma rosa muito bonita, retinha, com poucos espinhos. Mas ainda não é tão boa no pós-colheita quanto a Carola, outro tipo de rosa vermelha que trabalhamos aqui. Ela surgiu de um pé, fomos reproduzindo e estamos estudando a variedade”, diz Cristina.
A CeaRosa, instalada no Ceará desde 1999, foi a empresa pioneira na produção de rosas na zona norte do Estado. Kelly Cristina relembra que a primeira colheita oficial, em fevereiro de 2001, foi realizada para abastecer o mercado para o Dia Internacional da Mulher. Naquele tempo, a empresa contava apenas com um bloco, uma estufa de produção, de um hectare e meio.
“Todas as mudas vieram da Colômbia. Foram 14 variedades que trouxemos para produzir rosas aqui. A CeaRosa foi pioneira e quebrou o grande paradigma de que, na região Nordeste, especialmente no Ceará, não seria possível produzir rosas”, disse a administradora da empresa.
Hoje a CeaRosa tem sete hectares de área cultivada, com perspectivas de, no projeto final, serem 20 hectares. “Depois disso vieram outras empresas, que começaram a implementar novas produções. No começo, o investimento foi muito alto, a logística foi difícil, tudo teve que vir de fora: material, mão-de-obra.
Era uma coisa nova e pouca gente acreditava que pudesse dar certo. A CeaRosa foi quem primeiro fez acontecer, foi pioneira e pagou caro por isso. Tivemos que errar para acertar, mas, quem veio depois, já pegou os acertos”, conta.
Hoje a empresa trabalha com produção contínua e seus produtos são distribuídos no mercado nacional, principalmente para o Estado da Bahia. Em períodos de pico de vendas, como Dia das Mães, da secretária, dos namorados e Natal, entre outras datas festivas, a poda é programada para aumentar e garantir o volume das vendas.
Padrão internacional
“Esse mês produzimos cerca de 25 mil pacotes, cada um com 20 rosas, uma produção para o pico. Normalmente temos produção de 600 a 800 pacotes/dia. Hoje temos 110 funcionários, departamento de comercialização em Fortaleza e trabalhamos com 17 Estados, tudo sai pronto daqui para o depósito ou aeroporto”, ressaltou Kelly.
Mesmo não investindo na área das exportações, a administradora garante que o padrão das rosas produzidas na empresa seguem as exigências do mercado internacional. “Atualmente o processo de exportação não está compensando. Aqui vendemos a mesma rosa, com preço até maior que no exterior. Não temos grandes volumes, mas também não sobra nada, tudo é vendido aqui”, afirma ela, complementando que o padrão da empresa atende aos requisitos internacionais. “Já enviamos para Portugal, Rússia e outros. A rosa que consumimos aqui pode ser enviada para fora, sem nenhum problema de padronização ou qualidade. Para competirmos com os grandes, tínhamos que ter um diferencial. E a qualidade de nossa rosa é que faz essa diferença”, garante.
Mais informações:
CeaRosa
Sítio Camocim
Distrito de Inhuçu, s/n, município de São Benedito
(88) 3626.3198