Ceará tem maior redução de áreas de seca dos últimos seis anos

De abril para maio, houve redução do fenômeno da estiagem que ficou mais restrito ao Sertão Central e Vale do Jaguaribe

Escrito por Honório Barbosa , regiao@verdesmares.com.br
Legenda: A expectativa é que a redução de áreas críticas tenha continuidade no decorrer deste mês de junho
Foto: Reprodução

O fenômeno da estiagem, que costuma castigar o Estado, apresentou intensidade fraca, em maio passado, colocando o Ceará em melhor situação desde julho de 2014, quando começaram as observações do Monitor da Seca, acompanhado pela Agência Nacional de Águas (ANA). A expectativa é de que a redução de áreas críticas tenha continuidade no decorrer deste mês de junho.  

As chuvas que banharam neste ano o Sertão cearense de forma mais uniforme e abrangente em comparação com períodos anteriores, trouxeram além de bons resultados para o setor agropecuário e recarga de reservatórios, uma significativa redução de áreas de seca.

Em março passado, o Estado apresentava mais da metade do território com registro de seca fraca, desde o Sertão Central até o Sul cearense. No comparativo entre abril e o mês anterior, já se observou uma significativa melhora. A faixa que apontava estiagem foi reduzida e limitou-se a parte do Sertão Central, Centro-Sul e o Vale do Jaguaribe.

A redução de área de seca continuou no último mês da chamada quadra chuvosa (fevereiro a maio). As imagens de satélite mostram diminuição em maio em comparação com abril passado. A faixa que apresentava sinais de estiagem abrangia parte do Sertão Central e da região Jaguaribana.

A quadra chuvosa neste ano foi favorável, mas ainda apresentou chuvas abaixo da média em alguns pontos do Ceará. De acordo com a Funceme, o volume das precipitações de maio variou bastante, entre 20mm e 300mm. Essa variação faz com que persista algumas áreas que registram o fenômeno da seca, mas classificada como fraca.

Precipitações 

Em média, abril registrou déficit de 3.7% e maio de 8.2%. “As chuvas não são uniformes, variam no tempo e no espaço, por isso, há regiões com melhores indicadores do que outras”, observa o meteorologista do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe), Diego Jatobá. “Essa é uma característica do semiárido”.

O mapa mostra que em maio passado as regiões Norte, a faixa litorânea, o Maciço de Baturité, a serra da Ibiapaba, os Sertões de Crateús, dos Inhamuns e o Cariri cearense (Sul do Estado) foram beneficiados por boas chuvas e estão ausentes do mapa da seca.

No último mês, nenhum dos 13 estados (nove do Nordeste, além de Espírito Santo Minas Gerais, Rio de Janeiro e Tocantins) que integram o Monitor da Seca, está com 100% de seu território com seca, o que não acontecia desde setembro de 2019.

Projeto

No Ceará, a Funceme e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) são os órgãos que atuam no Monitor de Secas. Por meio da ferramenta é possível comparar a evolução das secas em 13 estados a cada mês vencido.

O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas.

Com base na precipitação mensal e nos acumulados dos últimos meses, houve uma pequena diminuição da área com seca fraca. O fenômeno apresenta impactos somente de longo prazo, o que é traduzido pelo atual estado de acumulação de água nos maiores reservatórios cearenses: Castanhão, Orós e Banabuiú.

Reservatórios

O Portal Hidrológico da Cogerh mostra que o Ceará acumula, em média, 34,9% de suas reservas hídricas, com base em monitoramento de 155 açudes.

De um total de 12 bacias hidrográficas, as três mais favoráveis são Litoral (99,2%), Coreaú (98,3%) e Acaraú (91,13%). Banabuiú (14,6%) e Médio Jaguaribe (15,5%) são as duas bacias que registram menor volume acumulado em seus reservatórios.

O Ceará tem 25 açudes sangrando, há 57 com volume acima de 90% e 47 abaixo de 30%.

Os três maiores açudes do Ceará acumulam os seguintes volumes: Castanhão ( 16%), Orós (27%) e Banabuiú ( 14%).  

 

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