Legislativo Judiciário Executivo

‘Me tira daqui, eu vou morrer, eles não sabem o que eles fazem’, pediu paciente da Prevent Senior

Dias antes de morrer em uma unidade da rede, o empresário Fabio Senas, de 51 anos, relatou negligências sofridas à esposa

Escrito por Redação ,
Viúva durante CPI em depoimento sobre a Prevent Senior
Legenda: Durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a operadora de saúde, nesta quinta-feira (28), a viúva Andrea Rotta relatou negligências e momentos perturbadores como esses vividos pelo marido antes morrer em uma unidade de Prevent
Foto: Reprodução

“Me tira daqui, eu vou morrer. Eles não sabem o que eles fazem”. A súplica é do empresário Fabio Senas, de 51 anos, que ficou internado com Covid-19 em um hospital da Prevent Senior, mas não sobreviveu. Ele morreu duas semanas após relatar as negligências da empresa à esposa, em São Paulo. As informações são do jornal O Globo

Durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a operadora de saúde, nesta quinta-feira (28), a pedagoga Andrea Rotta narrou momentos perturbadores vividos pelo marido antes morrer em uma unidade da rede hospitalar.  

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Segundo a pedagoga, a empresa não prestava serviços básicos e era necessário pedir informações, exames e até medicamentos. A viúva conta que o marido “ficou jogado à própria sorte” durante a internação.

Houve um episódio em que ela o viu deitado em lençóis sujos de sangue, com o rosto inchado e machucados pelo rosto e pescoço.

“Encontrei ele jogado à própria sorte, largado num quarto, pálido, com a saturação baixa, eu mal podia escutar sua voz”, lembrou Andrea. 

Outro descaso, contou, foi a prescrição para o empresário utilizar o “kit Covid” — comprovadamente ineficaz contra a doença  — e, também, contraindicado para cardiopatas.

Era o caso de Fabio, que tinha três stents (próteses) no coração. Ele já tinha 25% do pulmão comprometido quando foi receitado com a medicação, conforme relato da esposa. 

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“Os médicos falavam como se eu soubesse todos aqueles nomes que não me saem da memória. Friamente e rapidamente davam a informação e diziam para seguir tendo fé, mas que o estado dele era muito grave”, relatou a viúva. 

Ela também lembrou que levou o marido para os hospitais da rede em diversas ocasiões, mas sempre era mandada de volta para a casa.

No último dia de vida, contou Andrea, o marido tinha sacos de gelo espalhados pelo corpo. Era uma tentativa de diminuir a febre, que já não reagia às medicações.

Caso Prevent Senior

prevent senior
Legenda: Um dos casos alterados pela rede foi o da mãe do empresário Luciano Hang
Foto: Divulgação

Fabio Senas não está só. A Prevent, que se tornou uma espécie de "laboratório" para testar a hidroxicloroquina, acumula uma série de relatos dramáticos de familiares das vítimas. 

Um dossiê com o caso obtido pela CPI da Covid-19 foi elaborado por médicos e ex-médicos da Prevent Senior e aponta que a referida empresa, em estudo sobre cloroquina apoiado pelo Presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ministrou tratamento sem autorização de pacientes e familiares, além de ter ocultado mortes.

O que diz a Prevent

Em nota enviado ao jornal O Globo, a Prevent Senior negou as acusações.

“A Prevent Senior lamenta a dor sofrida pelas perdas. Reafirma que jamais tratou seus pacientes adotando procedimentos com o objetivo de reduzir custos ou liberar leitos. Trata-se de uma narrativa mentirosa, equivocada, com o objetivo de atingir a imagem da empresa. A Prevent continuará prestando atendimento de qualidade aos mais de 550 mil beneficiários e buscará na Justiça a retratação de todos os que buscam desacreditá-la”, afirmou. 

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