Legislativo Judiciário Executivo

Ex-diretor da APS diz que decisões tomadas pela Associação passavam pelo “crivo” de Capitão Wagner

Parlamentar ainda não comentou sobre as acusações

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br
Depoente
Legenda: Ex-diretor da APS, soldado Elton Regis do Nascimento
Foto: Divulgação

Em depoimento à CPI das Associações Militares, na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), o policial militar Elton Regis do Nascimento, ex-diretor da Associação dos Profissionais da Segurança (APS) do Ceará, contradisse informações de ex-diretores, ex-presidentes e até do atual presidente da entidade.

O agente informou que as decisões tomadas pela associação passavam pelo “crivo” do deputado federal Capitão Wagner (UB) mesmo depois que ele deixou o cargo de presidente.

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“Não tinham decisões importantes na diretoria que não passassem pelo crivo do Capitão Wagner”, disse o ex-diretor. "A gente sabia que havia essa consulta. Isso era fato", acrescentou Regis ao relator da CPI, o deputado estadual Elmano de Freitas (PT). 

Elton Regis ocupou os cargos de diretor de inativos, conselheiro fiscal e diretor financeiro da APS.

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O agente ainda implicou acusações semelhantes ao deputado estadual Soldado Noélio (UB) e ao vereador Sargento Reginauro (UB). Segundo o ex-diretor, os três parlamentares compunham um seleto grupo que tomava decisões e ditava os rumos da entidade, escolhendo inclusive a atual gestão da APS.

“Sargento Reginauro participou de reuniões com diretores (mesmo após seu afastamento) para tratar de assuntos da APS, inclusive para decidir a composição da chapa atual, da diretoria atual da APS”, afirmou. 

“Crivo”

De acordo com o ex-diretor, em uma dessas reuniões, inclusive, foi decidido afastá-lo da direção da entidade. Segundo Regis, essa decisão foi tomada pela “santíssima trindade” da APS.

“Eu sempre me referi assim a determinadas pessoas, normalmente eram três pessoas à frente da APS, que muitas vezes tomavam as decisões e a diretoria era só comunicada. Eu me referia a eles como ‘santíssima trindade’, eles que decidiam e o restante tinha só que acatar”, afirmou.

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Questionado pelo relator, Regis nomeou a quem se referia. “Teve um momento de mudança, mas quando o Capitão Wagner foi presidente, era ele, Sargento Reginauro e Noélio. Às vezes, com participação do Cleyber Araújo (atual presidente da APS)”, acrescentou.

Elton Regis também disse que os advogados que trabalham para a APS são indicados por políticos, especialmente por Wagner. “Quase todos, normalmente pelo presidente ou pelo Capitão Wagner, mas a maioria era indicação política”, concluiu.

"Incapaz"

Em entrevista ao Diário do Nordeste, o vereador Sargento Reginauro rebateu as falas do depoente. "É estatutário que todo associado pode participar de uma reunião de diretoria ou assembleia, mas sem poder de veto ou voto. O que tivemos aqui hoje foi o depoimento de um ex-diretor que colocou, como respondeu ao deputado Noélio, ser incapaz de exercer suas funções, já é afastado dos quadros, está com um laudo de interdição e com a perspetiva de se aposentar por isso", disse.

O parlamentar ainda alegou que o ex-diretor agiu por interesses políticos. "Ele não aceitou não ter sido escolhido para ficar na diretoria e lamentavelmente tenta agredir, nas redes sociais, o grupo político a que ele se colocou como opositor, do Wagner, do Bolsonaro etc. Não entendo (esse depoimento) como algo que mereça relevância", concluiu.

As assessorias de imprensa dos deputados Capitão Wagner e Soldado Noélio foram procuradas pela reportagem, mas não houve posicionamento até a publicação desta matéria.

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