Camilo diz que 'confia' na PF para 'apurar responsabilidades' em caso de espionagem ilegal na Abin
Ministro da Educação teria sido um dos alvos de monitoramento irregular da Abin durante o Governo Bolsonaro
O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), lamentou os indícios de que uma organização criminosa instalada na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria monitorado de maneira irregular autoridades públicas e outras pessoas durante o Governo Jair Bolsonaro (PL). Segundo as investigações, Camilo foi um dos alvos da espionagem, quando ainda era governador do Ceará.
O monitoramento teria sido feito por meio de drones, que sobrevoaram a residência oficial em 2021, quando o ministro morava no endereço. A Abin chegou a instaurar um processo administrativo, na época, mas o caso acabou arquivado. O ministro ressaltou a importância da Abin e lamentou que "um órgão tão importante tenha sido utilizado ilegalmente no Governo anterior para perseguição de pessoas públicas".
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Além de Camilo Santana, outras autoridades foram listadas como alvos da suposta espionagem ilegal. Dentre elas, os ministros do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Nomes do parlamento como os ex-deputados Jean Wyllys e David Miranda, falecido em 2023, e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também teriam sido alvos do monitoramento.
Por meio de nota da assessoria de imprensa, o ministro disse ainda que "confia no trabalho da Polícia Federal para apurar responsabilidades, de forma a garantir a preservação do papel da Abin no fortalecimento do Estado Democrático de Direito no Brasil".
Entenda o caso
A Operação Vigilância Aproximada foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (25) e investiga os monitoramentos ilegais feitos de autoridades públicas, dentre outras pessoas, por meio de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.
Um dos alvos da operação é o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ele foi o gestor da agência no governo Jair Bolsonaro e, segundo apuração da jornalista Andréia Sadi, da Globonews, a PF investiga se ele continuou recebendo informações da Abin mesmo após deixar o cargo. Ramagem esteve à frente da Abin entre julho de 2019 e abril de 2022.
Ao todo, foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão, sendo 18 em Brasília, um em Juiz de Fora (MG), um em São João Del Rei (MG) e um no Rio de Janeiro. Também foram expedidas medidas cautelares diversas da prisão, incluindo a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais.
A ofensiva é um desdobramento das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro passado. Segundo os investigadores da PF, durante a primeira operação, a Abin fez 33 mil monitoramentos ilegais durante o governo Bolsonaro. Do total, 1,8 mil foram destinados à espionagem de políticos, jornalistas, advogados, ministros do STF e adversários da gestão do ex-presidente.
A operação investiga o que chamou de "organização criminosa", acusada de se instalar na Agência e usar a estrutura para investigar adversários políticos sem autorização judicial. As provas obtidas pela Polícia Federal na época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin.