Após batalha judicial, Câmara de Juazeiro deve eleger vereadora de 1° mandato para a presidência
Vereadores tentaram antecipar eleição, mas foram barrados na Justiça; há apenas uma candidatura para a presidência
Após embates em plenário, troca de acusações e uma batalha judicial ao longo do ano, a Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, maior cidade da Região do Cariri, deve eleger como presidente, nesta terça-feira (22), a parlamentar mais nova da Casa e estreante na política Yanny Brena (PL).
Única candidata, ela já é tida nos bastidores como sucessora no cargo, impondo uma derrota a um grupo de oposição ao prefeito Glêdson Bezerra (Podemos). Vereadores apontam o irmão dela, deputado federal eleito Yury do Paredão (PL), como influenciador no processo.
Ao Diário do Nordeste, a parlamentar sinalizou que vencendo a eleição a relação deverá ser de parceria com a administração municipal. "Desde que iniciei meu mandato como vereadora, venho ouvindo e dialogando com todos, como também com o prefeito Glêdson. Eu vejo a política como instrumento para construção e desenvolvimento e não de divisão para benefícios próprios. Ressalto que minha postura será independente, porém terá respeito ao chefe do Executivo", disse.
Veja também
Eleita em 2020 pela primeira vez a um cargo público aos 24 anos (hoje tem 26), Yanny foi segunda parlamentar mais votada nas eleições, com 3.956 votos. Ela atualmente ocupa o cargo de primeira secretária da Mesa Diretora.
Do outro lado, no entanto, está o atual presidente Darlan Lobo (MDB), um dos vereadores atuantes na oposição ao Governo, e que está prestes a encerrar seu segundo mandato à frente da Câmara. Darlan é vereador desde 2004, quando foi eleito a primeira vez.
Acusação de interferências
Em pronunciamento ainda na quinta-feira (17), o parlamentar afirmou não ter chances de ser reeleito por não ter apoio suficiente dos colegas, e reconheceu antecipadamente a derrota. O emedebista não chegou a registrar a candidatura à reeleição para o cargo. A fala expõe um cabo de guerra nos bastidores que começou ainda no ano passado.
Interlocutores afirmam que a disputa pelos 11 votos que são necessários dos 21 vereadores deu início em novembro de 2021, quando houve uma tentativa de antecipar o pleito através de mudanças na lei.
“É impossível uma disputa com a chapa encabeçada pela vereadora Yanny com o deputado eleito Yury do Paredão. Ela já tinha força, imagina agora. Temos que ter consciência, temos que ter humildade”, disse Darlan Lobo na semana passada.
Yury, no entanto, reitera o apoio à irmã, mas nega que haja interferência para atrair os voto dos parlamentares na chapa encabeçada por ela.
“Converso sempre com os vereadores, pois pauta a minha conduta pelo diálogo e respeito a todos. Claro que faço elogios a Yanny quando estou conversando com variados políticos. Não me intrometo em eleição da Câmara de Vereadores”, afirmou.
Batalha judicial
A polêmica sobre o assunto começou em novembro de 2021, quando vereadores de oposição iniciaram processos internos para mudar o Regimento Interno e antecipar em cerca de um ano a votação – mesmo que a posse só ocorra em janeiro de 2023. Esse movimento deu início a uma série de ações judiciais.
A primeira tentativa de antecipação ocorreu em dezembro do ano passado. Na ocasião, o vereador David Araújo (PTB), no entanto, conseguiu na Justiça anular o processo.
Uma nova mudança regimental foi votada no último dia 20 de abril. Dessa vez os vereadores alteraram a Lei Orgânica do Município, e abriram brecha para a antecipação da eleição.
Mais tarde, em maio de 2022, a Justiça anulou essa possibilidade argumentando a proibição da mudança no Regimento Interno do Parlamento, o que se configuraria em “descumprimento de decisão judicial”.
O processo para que a Lei Orgânica fosse modificada, no entanto, sofreu críticas no Plenário da Casa. O vereador Janú, líder do Republicanos, por exemplo, disse à época ter acionado a Justiça junto com outros três parlamentares, denunciando irregularidades.
Após embates e com o resultado das decisões judiciais, o presidente Darlan Lobo, em conjunto com os demais parlamantares, marcou a eleição para esta terça-feira (22).
Nova Mesa Diretora
O mandato do presidente dura dois anos. Uma vez eleita, a parlamentar estará à frente da Casa no a partir de janeiro de 2023 até o final de dezembro de 2024.
A chapa encabeçada por Yanne foi entitulada "Legislativo Com Atitude", e é composta ainda pelos vereadores Raimundo Junior (MDB), como 1º vice-presidente; William dos Santos Bazilio (PMN), como 2º vice-presidente; Adauto Araujo (PTB), como 1º secretáro; Claudionor Mota (PMN), como 2º secretário, e Lucas Neto (MDB) na função de 3º secretário.