Tasso defende criação de frente ampla de defesa da democracia e descarta impeachment em curto prazo

Em entrevista, o senador do PSDB ressaltou ainda a necessidade de criação de um plano coordenado na questão econômica

Escrito por Redação ,
Senador Tasso Jereissati
Legenda: Tasso Jereissati faz críticas ao Governo Bolsonaro, mas acredita que ainda não há situação para impeachment
Foto: Foto: Reprodução

A criação de uma frente ampla em defesa da democracia e de um plano coordenado entre todas as forças políticas para a criação de emprego, manutenção de empresas e salvação da economia é o que defende o senador cearense Tasso Jereissati (PSDB). Em entrevista à revista Época, publicada nesta sexta-feira (12), tucano fala ainda sobre a possibilidade de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a qual não considera viável "no curtíssimo prazo" e sobre as manifestações de rua.

"Temos todos um ponto que nos une, que é o combate à pandemia. E temos a defesa da democracia. Todos estamos preocupados com o futuro de nossa democracia. Mas sei que há pontos de divergência também, como a questão econômica. Já passou da hora de pensarmos num plano coordenado entre todas as forças políticas para a criação de emprego, manutenção de empresas, salvação da economia, além da questão fiscal diante de tudo isso. E não vejo nenhuma unidade entre centro e centro-direita, ou centro-esquerda, sobre esses temas, então minha percepção é que, ainda que haja uma convergência, lá na frente vamos nos dividir", ressaltou Tasso.

O senador falou também sobre a discordância de partidos como o PT em integrar diálogos em parceria com opositores. "A principal liderança de esquerda agir dessa forma hoje é, sim, um impedimento, como bem mostrou o debate entre FHC, Ciro Gomes e Marina Silva, na Globonews", disse Tasso, em referência ao ex-presidente Lula. 

Para ele, é preciso que se assimile a existência de distensões pontuais e individuais para que não atrapalhem a energia de mobilização da sociedade em defesa da democracia.

Impechment

Questionado se a agenda em defesa da democracia também contempla uma agenda pró impeachment de Bolsonaro, Tasso pontuou que não vê essa possibilidade em um "curtíssimo prazo" a não ser que o presidente chegue a descumprir alguma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo. 

"Enquanto não tivermos a pandemia pelo menos sob controle, não podemos desfocar disso. E depois vem a crise econômica e social, que será profunda. Agregar a isso uma crise política acompanhada de um processo de impeachment não me agrada pessoalmente e nem à maioria dos políticos com quem tenho conversado, ainda que, em muitos momentos, achemos que a Presidência esteja passando do ponto", ressaltou.

Segundo o senador, o foco da frente ampla em defesa da democracia seria voltado a mobilizar a opinião pública de todos os setores sociais, "colocando a democracia como eixo principal de nossa vida política e social, alertando a sociedade civil sobre o risco que estamos vivendo".

Parlamentarismo

Em relação ao papel dos militares no atual governo, Tasso afirma que vê o papel das Forças Armadas "muito claro na Constituição, ainda que haja pessoas que interpretem isso como bem querem". Para ele, mais necessário do que repensar o a atuação dos militares é discutir o parlamentarismo.

"Estamos com outros problemas muito mais urgentes. Mas eu gostaria muito de que, passado este processo, o assunto voltasse à pauta. Quero lembrar que não estou há tantos anos assim na política e já vivi dois impeachments — e estamos quase à beira de outro", pontuou. 

O senador disse também ter sido "importante" a primeira manifestação nas ruas contra o Governo Bolsonaro. "Esse grupo assustou e acabou gerando recuo do governo", afirmou na entrevista.

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