Em meio à nova tensão com Bolsonaro, governadores vão discutir pautas emergenciais com Arthur Lira

O presidente da Câmara dos Deputados chamou gestores estaduais para discutir o Orçamento e eventuais mudanças na alocação de recursos para ajudar no enfrentamento da crise

Escrito por Folhapress/Redação ,
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Legenda: O encontro contará com a participação da presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputada Flávia Arruda (PL-DF), e o relator do Orçamento, senador Marcio Bittar (MDB-AC)
Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Em meio à nova tensão entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e governadores sobre medidas de combate à Covid-19, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tentar amenizar o conflito. Neste sábado (27), ele chamou os chefes de executivos estaduais para uma conversa virtual na próxima semana para discutir pautas emergenciais que ajudem no enfrentamento da crise nos territórios.

O gesto ocorre um dia após Bolsonaro voltar a fazer campanha contra medidas mais restritivas que buscam conter o avanço da doença e subir o tom contra governadores. Atualmente, o Brasil enfrenta um de seus piores momentos na pandemia. Gestores estaduais, por sua vez, criticam as atitudes do presidente e falam em insensatez e negacionismo. 

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A data da conversa entre Lira e os gestores ainda não foi divulgada, mas a intenção do deputado é discutir alocação de recursos no Orçamento e definir projetos emergenciais para pautá-los na Câmara.

Na publicação que fez em uma rede social para expor sua intenção, o presidente da Câmara disse que as propostas a serem votadas terão que respeitar o teto de gastos.

O encontro contará com a participação da presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputada Flávia Arruda (PL-DF), e do relator do Orçamento, senador Marcio Bittar (MDB-AC).

"Com o recrudescimento e nova onda da pandemia, quero chamar todos os governadores para contribuírem com sugestões na formulação do Orçamento Geral da União", escreveu Lira.

"Também ouvirei os governadores sobre sugestões legislativas emergenciais para tramitarem em caráter de urgência que possam ser adotadas, respeitando o teto fiscal, com o objetivo de enfrentar os efeitos da Covid 19", afirmou o deputado.

Lira encerrou o comunicado mencionando medidas restritivas que estão sendo adotadas por governadores por causa do aumento de casos, ressaltando que é hora de união para "mitigar essa crise".

Visita ao Ceará

Pouco antes, Bolsonaro foi às redes sociais divulgar vídeo com trecho de seu discurso, no dia anterior, em um dos eventos com aglomeração dos quais participou no Ceará.

"Os que me criticam, façam como eu: venham para o meio do povo. O que mais ouvi no meio deles foi: 'eu quero trabalhar'", escreveu o presidente da República.

Na sexta, durante sua visita ao trecho de duplicação da BR-22 em Caucaia, Bolsonaro reforçou a volta do pagamento do auxílio emergencial e disse que o governador "que fechar seu estado e que destrói emprego, ele é quem deve bancar o auxílio emergencial". A declaração voltou a causar tensão na relação com os chefes de executivos estaduais.

No mesmo dia, o governador Camilo Santana (PT), que não participou da agenda do presidente, respondeu a alfinetada.

“Aqueles que debocham da ciência, ignoram a luta dos profissionais de saúde para salvar vidas, e, principalmente, desrespeitam a dor das milhares de famílias vítimas da Covid, receberão o justo julgamento”, escreveu Camilo, nas redes sociais.  

Situação pandêmica

O Brasil registrou na sexta-feira (26) 53,7 mil casos e 1.148 mortes pela Covid-19, totalizando 10,5 milhões de casos e 253 mil óbitos. Diante deste cenário, dez estados e o DF endureceram restrições.

O Ceará registra um total de 11.227 mortes e 421.763 casos. Em fevereiro, Fortaleza registrou a maior média diária preliminar de casos confirmados de coronavírus, segundo informe semanal epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde – até o dia 20, a média diária preliminar atingiu 664 casos, um aumento de cerca de 40%.

O Estado adotou restrições mais severas a partir deste fim de semana. Entre as medidas, foi imposto um toque de recolher entre 20h e 5h, de segunda a sexta-feira, e entre 19h e 5h aos sábados e domingos. A circulação está permitida somente em situações de comprovada necessidade.

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