Foram mais de 15 anos de estrada juntos com Selvagens à Procura de Lei. Quase um ano parados após saída conturbada da banda. Agora é tempo de recomeço. Rafael Martins, Caio Evangelista e Nicholas Magalhães lançam o primeiro EP de três faixas da nova banda "Cor do Olhos". Eles dizem que estão experimentando um novo caminho com o formato de Power Trio. Com espaço e vontade de novidade, o grupo celebra uma reconexão entre eles e o público e promete zelar pela música.
" É um puta desafio estar nesse lugar de 15 anos de carreira, recomeçando, botando um projeto novo, mas as pessoas te reconhecendo pelo que você foi. Então a gente quis, sim, trazer a nossa identidade, não fazermos questão de esconder nada, nem mudar d'água pro vinho, mas adicionando coisas que a gente considera, sei lá, interessantes também, que a gente tinha vontade de fazer e não fazia", desabafa Rafael Martins, vocalista e guitarrista, em uma de suas primeiras entrevistas com a nova formação de banda. O episódio desta quinta-feira (27) do Que Nem Tu é com o trio.
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Para Caio, baixista e vocal, esse recomeço resgata o frio da barriga do início de carreira e relembra os tempos de 20 anos. "Tem um lado duvidoso, mas prazeroso. Sentir tudo à flor da pele. Sentir essa reconexão com o público. Mas sempre com a confiança com a música que a gente faz. É um capítulo novo", define.
A banda lançou, na semana passada três faixas do novo EP: “Cataventos”, “Banho de Rosas” e “A Curva. O trio explica que o álbum de estreis é dividido em três momentos. O segundo já está sendo finalizado. Com produção de Luigi Sucena, o álbum foi gravado em Fortaleza, mixado em Brasília e masterizado em Los Angeles. Cada faixa traz um integrante cantando, reforçando a potencia do trio.
A expectativa é grande e eles dizem que "se colocaram à prova" com o lançamento. Apesar do reforço no recomeço, nenhum dos três diz ter medo das comparações com a antiga banda. "Não incomoda. É um puta orgulho. Faz parte da nossa história", tranquiliza Caio.
O fim do Selvagens à Procura de Lei foi conturbado. Gabriel Aragão ficou com a banda e já anunciou o retorno para maio com a banda em nova formação. Para Rafael, Caio e Nicholas, o período foi caótico e causou dores. Mas, no fim, foi possível transformar em algo bonito.
"Foi um momento muito desgastante por tudo. E ao mesmo tempo a gente conseguiu transformar num caminho bonito. A gente nunca vai deixar de cantar Selvagens. Até porque as música são nossas", diz Rafael. "Tem sentimento de fim. A gente se dedicou muito para aquilo alí. Tem a dificuldade do rompimento. Mas o "Cor dos olhos" nos reaproximou", completa Caio. E Nicholas finaliza: "A história tá viva. A gente se redescobriu de várias maneiras".
A escolha pelo nome da banda reforça o entrosamento e o respeito que o trio quer manter com esta formação. A cor é a poesia que eles queriam que tivesse no trabalho. "É a junção dos nossos olhares sobre o mundo. Queria um nome mais abstrato. E a cor trazendo poesia", explica Caio.
Além do lançamento nos apps de música, há também o planejamento para uma turnê a ser anunciada em breve, que passará por diversos palcos importantes e cidades do Brasil. Os músicos cearenses estão ansiosos para subir ao palco e reencontrar um público fiel e também se deparar com uma galera mais nova que chegou neste novo momento. Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo devem estar nesse primeiro roteiro.
Mas, diferente do que aconteceu com o Selvagens, agora eles acreditam que ficar no Ceará sem precisar se mudar para São Paulo pode levá-los para onde desejam. Nicholas reforçou que há muita diferença nas estratégias traçadas hoje para as bandas do que o que se fazia quando o quarteto precisou ir morar no Sudeste para conseguir propagar ainda mais seu trabalho pro Brasil. As plataformas digitais e a presença em redes sociais serão uma forma de publicizar suas músicas e ainda manter o pé fincado em casa.
O trio também revelou como surgiram as músicas novas, como conseguem lidar com o o medo e as cobranças externas. Revelou shows marcantes e também o que vem por aí.
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