Crise política em tom elevado

Os episódios ocorridos no fim de semana, nas ruas de Fortaleza e de outras grandes capitais do Brasil, elevam o patamar da crise política brasileira em meio à pandemia do coronavírus. Nos hospitais – cada dia mais, os números que dizem – pessoas morrem acometidas pela Covid-19, enquanto nos carros, grupos insistem em minimizar o problema e pedir a volta da normalidade, impossível no momento. A frustração com os efeitos da quarentena é perfeitamente compreensível. Do ponto de vista econômico, ela afeta milhões de brasileiros. É preciso registrar, no entanto, que os interesses antidemocráticos de alguns independem da pandemia. Há um oportunismo que é preciso ser notado e registrado.

Divisão acentuada

É péssimo para o País ter o presidente da República participando de atos de cunho antidemocrático, num momento em que é fundamental a união de todos contra um inimigo comum. Faz parte da narrativa do presidente o fim da quarentena, mas ele não tem certeza se isso é o certo a fazer – a julgar pela demora na troca do ministro da Saúde. O fato é que as atuações políticas do momento estão acentuando a divisão do País a um ponto difícil de se vislumbrar uma conciliação nacional.

Tragicomédia

Em meio ao caos, é possível ver contradições, que chegam a ser cômicas. Alguns dos que estavam ali não têm noção dos propósitos. Em um dos episódios, uma pessoa filma o que reclama ser “censura” às manifestações. Justo um movimento que reivindica o fim do regime democrático. No outro, um rapaz, que parecia bem exaltado, após receber voz de prisão de um policial, chama desesperadamente pelo pai, em busca de socorro. Cômico se não fosse trágica a situação que vive o Brasil.

Desafios na crise

Temos que voltar ao mundo real. Como defendemos, ontem, nesta coluna, o Ceará tem desafios no combate ao vírus. É grave a subnotificação no Estado, ainda que se tenha feito uma quantidade significativa de testes. Ontem, foram confirmadas, em Sobral, duas mortes. Uma, do dia 2 de abril, data em que foi feito o teste. O outro caso, de uma paciente com problema cardíaco pré-existentes. O teste dela foi feito no dia 31 de março e liberado apenas no dia 15 deste mês. Ela chegou ser liberada, mas retornou ao hospital neste fim de semana com problemas respiratórios e faleceu. Ambos os casos mostram o problema da demora nos resultados.

Mais cuidados

No novo decreto de isolamento social, o governador reforçou medidas de segurança para os estabelecimentos que seguem abertos. É preciso consciência da população e fiscalização do poder público. É para evitar mortes, só isso.

 



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