Sem Censo, Brasil desconhece a si mesmo
Conhecer a realidade socioeconômica de um país é peça fundamental na elaboração de políticas públicas. No contexto brasileiro, o Censo Demográfico do Brasil, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, tem contribuído durante anos com pesquisas direcionadas aos estudos territoriais coletando, analisando e disponibilizando dados com grande riqueza de informações acerca da realidade social do espaço geográfico brasileiro.
Ocorrendo a cada dez anos, o censo é realizado através da coleta de dados por domicílios sendo primordial ao direcionamento de políticas públicas no Brasil, localizando espacialmente áreas mais necessitadas de políticas sociais como a área da saúde, emprego e renda.
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O processo de coleta, armazenamento e sistematização desses dados tem como principal objetivo trazer um retrato das condições socioeconômicas do território brasileiro, demonstrando através de planilhas, gráficos e mapas informações acerca das condições relacionadas à dinâmica populacional, gênero, cor ou raça, saneamento básico, educação, emprego e saúde.
Analisando tais informações, os dados coletados através do censo trazem respostas a alguns pontos importantes: como saber em quais territórios o Estado deve investir em mais políticas educacionais? Quais regiões do Brasil há mais carência de saneamento básico e condições precárias de moradia?
Tais questões vêm afirmar a importância da disponibilidade desses dados à população brasileira. Mostrar as desigualdades sociais do Brasil atual desmascara, também, a ausência de políticas públicas que deveriam ser trabalhadas de forma prioritária, mas que, no atual governo, têm sido jogadas para debaixo do tapete através do corte de verbas em áreas essenciais.
Dentre vários retrocessos, a não realização do censo, que deveria ser realizado em 2020, mas foi adiado em decorrência da pandemia, foi cancelado devido ao corte orçamentário de 96% dos recursos federais que seriam direcionados à pesquisa, inviabilizando sua realização.
O atual governo, que tem investido maciçamente no desmonte dos órgãos públicos, tem se utilizado desta mesma política no IBGE, talvez com receio de que a população veja em números mais precisos o fracasso da sua política na área da educação, meio ambiente, saúde ou no aumento das taxas de desemprego. Ou, quem sabe, podemos visualizar de forma bem ilustrativa em mapas, o resultado da sua política genocida e de ódio pela população.
Andrea Crispim
Professora
Doutora em Geografia - UECE