O processo: novo ensino médio

Escrito por Davi Marreiro ,
Consultor pedagógico
Legenda: Consultor pedagógico

O protagonista escolhido desta semana encontra-se imerso em um labirinto burocrático, onde as decisões e desdobramentos de seu caso são regidos por figuras de autoridade inacessíveis e por procedimentos legais complexos. Seria Josef K., o personagem de "O Processo" de Franz Kafka? A resposta é não! Em comparação, refiro-me ao Novo Ensino Médio, que também se tornou uma vítima passiva das forças institucionais que determinam seu destino. O pior é que, não possuindo controle sobre o andamento do processo ou sobre seu próprio destino, em certo momento, sua reforma é rotulada como vilã; em outro, é aclamada como heroína.

Uma maravilha! Estamos no caminho certo, se a eficiência do processo depende de criarmos uma dificuldade para cada solução. À vista disso, o Ministério da Educação está tentando aprovar mudanças que foram "educadamente" rejeitadas pela Câmara dos Deputados. Afinal, quem precisa de consenso quando, no Brasil, "a grande maioria das reformas se evaporam e deixam atrás de si apenas o limo de uma nova burocracia". Obviamente, esse “desalinhamento político” poderá até ajudar evitando a sanção de algumas das decisões consideradas mais extremas, por conseguinte, tal cenário impulsiona os senadores a pesarem outras perspectivas e a negociarem compromissos que se alinhem a uma visão mais equilibrada.  Por outro lado, essa altercação irá atrasar ainda mais implementação da Reforma do Ensino Médio.

O problema na busca pela melhor compreensão correta de algo e a apreciação falsa dele caminha sobre a linha da estagnação promovida pelas decisões e indecisões ideológicas. A reforma do Novo Ensino Médio, agora no Senado, representa uma chance para o Ministério da Educação incluir mudanças anteriormente rejeitadas, como: restrições ao ensino à distância, à contratação de professores sem formação, o retorno obrigatório do componente curricular de língua espanhola e o aumento da carga horária na formação geral básica para estudantes de cursos técnicos. Enfim, enquanto isso esquecemos as justificativas da reforma e seus efeitos, maléficos ou benéficos, ambos estão presos na cela dos ágeis princípios procedimentais.

Davi Marreiro é consultor pedagógico

 
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