A Inteligência Artificial e o lobo mal?

A inserção do digital no mundo físico, quase como uma mistura homogênea, está redefinindo muitos negócios e experiências de consumo

Escrito por Assis Cavalcante Júnior , assis_cavalcante@yahoo.com.br
Empresário, professor universitário, palestrante com foco em Varejo
Legenda: Empresário, professor universitário, palestrante com foco em Varejo

O mundo do varejo é testemunha de várias viradas de mercado onde muitas empresas gozaram de muitos lucros, enquanto outras amargaram inúmeros prejuízos, em virtude de inovações, e não de modinhas, que passaram a reger novas demandas por parte do consumidor.

A inserção do digital no mundo físico, quase como uma mistura homogênea, está redefinindo muitos negócios e experiências de consumo. Vale ressaltar que há um abismo na diferença conceitual entre experiência e expertise. Muito confundem os conceitos ao tratar sobre a jornada do consumidor no novo varejo. A “expertise” trata do nível de “especialização” que se tem sobre determinado assunto, enquanto a “experiência” refere-se à vivência de determinado momento ou situação.

Dito isso, muitos varejistas se dizem especialistas em seus segmentos, porém, não promovem experiências de consumo válidas, deixando o consumidor alheio aos milhares de ofertas de sorrisos e cordialidades, distribuídas de forma gratuita pelos concorrentes. O fato de ser especialista não gabarita o varejista a ser a melhor experiência de consumo, onde o cliente sai convencido de que fez a melhor escolha e não se importa com preço pago, até o “caro” ou o “barato” sempre são subjetivos diante da conveniência, do comodismo e da oportunidade.

Em meio a este contexto de experiência a ser promovida e almejada por clientes desejosos de viverem este momento ápice do consumo, surge a novidade chamada “Inteligência Artificial”. Uma ferramenta que, para muitos, não passa de um texto a ser elaborado ou de uma imagem a ser criada, tornando a nossa rotina mais eficaz, otimizando processos repetitivos ou que demandam muito tempo para elaboração. A validação desta ferramenta se dá na medida em que integramos nossas habilidades com a agilidade da máquina.

Ouso comparar a chegada da Inteligência Artificial ao conto dos 3 Porquinhos, escrito por Joseph Jacobs, em 1853. Acredito que este conto esteve bem presente na nossa infância e, ao fazer tal analogia, detenho-me no fato de que muitos empresários, ao confiarem em suas “expertises”, não se preparam adequadamente para ocasiões de risco, tal qual o porquinho que constrói uma casa de palha, ficando vulnerável à ameaça de um sopro. Nem mesmo a casa de madeira, construída com a melhor e mais bela madeira, seria capaz de suportar uma ameaça um pouco mais forte e ininterrupta. Porém, a casa edificada com o alicerce próprio para suportar grandes intempéries, por tempos indeterminados, nos sugere que, apesar do custo e da demora da edificação, a estrutura está segura não somente para suportar longas e incessantes ameaças, mas, acima de tudo, será capaz de se adequar e promover, inclusive, novas formas de enfrentar situações adversas.

Acredito que a pergunta que fica é: será que o lobo é que é mal ou só está saciando o seu instinto de se alimentar? A Inteligência Artificial está apenas desempenhando seu papel de protagonista e não de antagonista, as empresas precisam estar bem alicerçadas para se adequarem e buscarem novos horizontes através do que era uma Ameaça e que vira uma grande Oportunidade, como nos ensina Albert Humphrey, em sua Análise SWOT desde a década de 60.

Estejamos preparados e preparemos nossas empresas para passarmos por tempos de ajustes que sopram como vento forte, mas, se o canalizarmos bem, nenhum mal fará e ainda poderão mover vários cataventos de inovação e de produtividade.

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