Sentido do saber

Lembro também que, nos meus tempos de atuação mais intensa na área de comunicação, costumava ouvir repetidamente de diversas pessoas o mantra de que “informação é poder”

Escrito por Valdelio Muniz. ,
Jornalista. Analista Judiciário. Mestre em Direito Privado
Legenda: Jornalista. Analista Judiciário. Mestre em Direito Privado

Tem coisas que a gente ouve, reflete, mas não necessariamente precisa assimilar e adotar na vida (ou no trabalho). É preferível filtrar. No Direito, por exemplo, lembro que, ao cursar, no primeiro semestre, a disciplina de Leitura e Produção Textual (voltada ao “português jurídico”), meu respeitado professor, ao nos entregar uma lista de expressões em latim, nos disse: “Leiam e aprendam, porque vocês vão precisar muito utilizá-las”.

Na hora, lembro que pensei, comigo mesmo: compreendê-las, sim, será muito importante. Reproduzi-las, prefiro evitar, salvo se devidamente traduzidas e explicadas. Se pensarmos que o direito se destina a disciplinar a vida em sociedade e a regular as relações entre as pessoas, nada mais justo do que permiti-las compreender bem as regras e princípios que lhes afetam. E isso não se faz mediante linguagem codificada e compreensível apenas por iniciados.

Lembro também que, nos meus tempos de atuação mais intensa na área de comunicação, costumava ouvir repetidamente de diversas pessoas o mantra de que “informação é poder”. E, partindo desta premissa falaciosa, percebia que, para estes cidadãos, era recomendável guardar somente para si o máximo possível de informações como privilégios ou “cartas na manga” para utilização no momento que lhes fosse mais conveniente e em seu favor.

Sempre preferi (e prefiro), porém, acreditar que informação é conhecimento e, como tal, tem sentido de fato apenas se compartilhado. Assim como o saber contribui para nossa evolução e nos alcançou porque alguém (através dos livros ou presencialmente) se dispôs a compartilhá-lo conosco, nada mais adequado e prazeroso do que favorecer a que tantos outros possam a ele ter acesso e, por meio dele, consigam progredir em suas vidas.

Competitividade e individualismo não deveriam se sobrepor à solidariedade. Egocentrismo não pode ofuscar altruísmo. Crescimento e desenvolvimento que não sejam coletivos não asseguram sustentabilidade. Somos partes de um coletivo (nação). Ilude-se quem crê que basta a si mesmo(a). Violência, doenças (como ansiedade, depressão), solidão e falsidades que o digam. Alertas chegam de várias formas, mas muitos não conseguem decifrá-los nem identificar suas origens.

Alessandro Almeida é diretor comercial da MRV&CO
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