Entre a dor e a esperança: o longo caminho das cirurgias no quadril pelo SUS no Brasil

Escrito por Marcos Giordano ,
Marcos Giordano é presidente da Sociedade Brasileira do Quadril (SBQ)
Legenda: Marcos Giordano é presidente da Sociedade Brasileira do Quadril (SBQ)

No cenário da saúde pública brasileira, a espera por cirurgias ortopédicas, em especial as artroplastias de quadril, tem se tornado uma dolorosa realidade para milhares de pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, a situação vai além da simples demora, revelando-se como um problema social que afeta de maneira mais intensa as pessoas marginalizadas e desfavorecidas economicamente.

Em alguns estados, por exemplo, a situação atinge níveis alarmantes. Pacientes não judicializados enfrentam uma espera de aproximadamente uma década. Tornando-se uma batalha diária contra a dor e a limitação física. A incapacidade de realizar as atividades cotidianas devido à falta de acesso à cirurgia impacta diretamente na qualidade de vida desses pacientes.

É crucial salientar que o acesso à saúde não deveria ser um privilégio, mas sim um direito universal. A fila para artroplastia de quadril pelo SUS reflete a desigualdade social presente no sistema de saúde brasileiro, onde a falta de recursos e estrutura perpetua o sofrimento daqueles que mais necessitam.

Um aspecto particularmente preocupante é a situação das pessoas que, apesar de apresentarem indicação clara para a cirurgia, sequer conseguiram uma consulta com um especialista. Essa negligência no atendimento inicial evidencia a fragilidade do sistema em lidar com as demandas crescentes, deixando uma parcela significativa da população sem acesso ao diagnóstico e tratamento adequados.

A recente cirurgia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar a artrose no quadril coloca em evidência a disparidade no acesso aos cuidados médicos no país. Enquanto uma figura pública como Lula tem condições de buscar tratamento imediato e de alta qualidade, a realidade de muitos brasileiros é diametralmente oposta. A saúde não deveria ser um luxo, mas sim um direito, garantido a todos, independentemente de sua condição social, o acesso digno aos serviços médicos.

Em conclusão, a situação das cirurgias de quadril no Brasil, sobretudo no contexto do SUS, é um reflexo da necessidade urgente de reformas estruturais e investimentos no sistema de saúde. A fila de espera não pode ser sinônimo de sofrimento prolongado e desesperança para os brasileiros mais vulneráveis. É imperativo que o acesso à saúde seja um direito efetivo, proporcionando a todos uma oportunidade justa de viver com dignidade e bem-estar.

Marcos Giordano é presidente da Sociedade Brasileira do Quadril (SBQ)
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