Educação do Ceará no Shark Tank

Fortaleza foi eleita a melhor capital do Brasil para negócios na educação, segundo estudo da Urban Systems em parceria com a revista Exame

Escrito por
Davi Marreiro  producaodiario@svm.com.br
Consultor Pedagógico e professor
Legenda: Consultor Pedagógico e professor
Recentemente, li uma reportagem que questionava o motivo pelo qual empresas de fora estariam tão interessadas em adquirir escolas no Ceará. A explicação apresentada foi que as instituições de ensino do estado se destacam no cenário nacional devido ao seu bom desempenho acadêmico e à inovação pedagógica. No entanto, essa visão fracionada é preocupante, pois sugere que os investidores estariam tomando decisões com base exclusivamente em fatores de marketing de performance. Em outras palavras, seria como se um investidor apostasse todo o seu capital em um outdoor que exibe 100% de aprovação.
 
Além disso, pensar dessa forma é acreditar que negócios são caricaturas, como uma versão melosa do Shark Tank, onde apenas o brilho de uma história de superação pode garantir investimentos profusos. O paradoxo aqui é quase encantador de tão ingênuo: imaginar que o capital financeiro é guiado por lenços emocionados e não por cédulas racionais. O que atraiu tantos investimentos foi a nossa eficiência operacional, o custo por aluno, a capacidade de escalar e padronizar processos. Em outras palavras, são as métricas, não apenas os méritos.
 
Para reforçar essa lógica, vale citar que Fortaleza foi eleita a melhor capital do Brasil para negócios na educação, segundo estudo da Urban Systems em parceria com a revista Exame. O ranking considerou 12 indicadores, todos eles ligados ao crescimento numérico de matrículas, escolas, alunos por escola, cursos presenciais, estabelecimentos que oferecem esses cursos, ensino superior, empregos no setor, porcentagem de matrículas em relação ao Brasil inteiro e, claro, o número de profissionais com diploma ocupando vagas formais.
 
No entanto, alguém encontrou alguma menção ao desempenho pedagógico? Houve alguma referência à qualidade do ensino, à aprendizagem dos alunos, à infraestrutura das escolas ou à valorização dos profissionais da educação? O estudo prioriza indicadores de crescimento e investimento, dessa forma, tudo se encaixa com precisão mecânica: os mesmos seguem vencendo, os outros seguem esperando, e ninguém parece notar que a lógica das perguntas desconsidera a complexidade das respostas.
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