Capital social comportamental

Orientações maquiavélicas não conduzem um povo a uma situação de tranquilidade política

Escrito por
Gonzaga Mota producaodiario@svm.com.br
Professor aposentado da UFC
Legenda: Professor aposentado da UFC

Já ressaltamos que o capital social poderia ser analisado sob dois aspectos complementares. Na forma tradicional, caracterizada pela realização de dispêndios nas atividades sociais básicas (educação, segurança, saúde, habitação, alimentação etc), e na forma comportamental, representada por manifestações de caráter coletivo ou individual, tendo por orientação princípios filosóficos, políticos, religiosos, éticos, morais, dentre outros.

Acreditamos, inclusive, que os investimentos e gastos sociais só evidenciarão eficácia permanente e estratégica desde que ocorram modificações no comportamento dos governos (aspecto coletivo) e das pessoas (aspecto individual). Ademais, valeria a pena ressaltar que é importante não confundir a educação cognitiva – capacidade de adquirir conhecimento mediante métodos convencionais – com a educação comportamental. Tornou-se fundamental estimular o debate e tentar mostrar aos indivíduos a importância do capital social comportamental. Não basta apenas realizar investimentos ou gastos na área social, mas precisamos de sentimentos como paz, justiça e liberdade, do ponto de vista coletivo, bem como de amor, solidariedade e humildade na conduta individual. Com relação ao aspecto coletivo ou governamental, não é conveniente a busca do poder pelo poder. Isso acontecendo, sem dúvida, a sociedade não alcançará os objetivos de paz, justiça e liberdade.

Orientações maquiavélicas não conduzem um povo a uma situação de tranquilidade política, ordenamento jurídico, crescimento com distribuição de renda numa perspectiva de redução das desigualdades. Lembremo-nos de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as maldades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. O poder deve ser conquistado democraticamente para que os governantes possam servir ao povo e não a facções.

Sob o ângulo individual, o trinômio amor, solidariedade e humildade somente será alcançado na medida em que as pessoas possam ampliar, cada vez mais, os sentimentos espirituais e não, apenas os ligados aos valores materiais. Como disse Santo Tomás de Aquino: “Há homens cuja fraqueza de inteligência não lhes permitiu ir além das coisas corpóreas”. Por fim, a existência humana não significa viver, porém procurar um motivo para viver, mediante a consolidação do capital social comportamental.

Professor aposentado da UFC
Gonzaga Mota
07 de Fevereiro de 2025
Jornalista
Gilson Barbosa
06 de Fevereiro de 2025
Rivânio Paulino Silva é diretor de gestão estratégica e financeira do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH)
Rivânio Paulino Silva
05 de Fevereiro de 2025