Ainda sobre futebol

Escrito por Gilson Barbosa ,
Jornalista
Legenda: Jornalista

As recentes mortes de dois grandes nomes do futebol mundial, como Zagallo e Beckenbauer, motivaram-me a escrever novamente sobre o tema, aprofundando mais algumas divagações. São, realmente, tempos bem diferentes, os vividos por aqueles homens que se notabilizaram por seus desempenhos dentro e fora das quatro linhas do gramado e os da contemporaneidade do futebol. Diferentemente do que hoje acontece, aqueles dois jogadores renomados viveram um período em que a prática futebolística caracterizava-se pelo verdadeiro amor à camisa, a dedicação ao esporte pelo prazer de jogar e o reconhecimento natural.

Não existia a estrutura que possuem hoje as grandes equipes do futebol mundial ou as maiores seleções nacionais. Os salários eram infinitamente menores e os recursos existentes, bem limitados se comparados aos dos tempos atuais. Vivia-se uma época em que até os deslocamentos de clubes de futebol ou até das seleções nacionais eram feitos com extrema dificuldade. Não havia a facilidade das viagens aéreas ou mesmo terrestres, tão comuns atualmente. Já encontrei, em arquivos históricos, fotos de times de futebol completos à espera do trem que levaria seus jogadores a cidades distantes para o confronto com os adversários. Eram dias de mais modéstia e simplicidade, onde o amor real e concreto à camisa , no íntimo do coração de cada atleta, preponderava sobre quaisquer outros, embora, claro, estivesse em cada atleta o sonho de uma transferência para um clube mais importante, de maior visibilidade nacional ou internacional. Os salários melhores e a almejada fama viriam, assim, como decorrência natural.

Porém, aquele passado romântico do futebol, onde, nos primórdios da Copa do Mundo, seleções chegaram a viajar de navio, passando dias e dias entre as Américas e a Europa para chegarem aos seus destinos e jogarem na competição, já vai longe. Aquela entrega corajosa, a “garra” do passado, notadamente em termos de nossa seleção nacional, que teve a integrá-la gerações de magníficos craques, desde Pelé, Garrincha e Zagallo, passando por Tostão, Rivelino, Clodoaldo, Gérson e chegando até Zico, Sócrates, Rivaldo, Bebeto, Júnior e até aos dois Ronaldos ( o Fenômeno e o Gaúcho), se transformou completamente.

O mercado futebolístico inflacionado de nossos dias, salários estratosféricos, as estruturas modernas de clubes e seleções e todo o glamour do mundo esportivo apresentado pela mídia têm alterado o comportamento dos jogadores do presente. Muitos, entre os brasileiros, mais se projetam por escândalos que protagonizam fora de campo do que por suas façanhas dentro dos estádios. Jogam em clubes do exterior, recebendo salários milionários, e, se chamados a integrarem a seleção nacional, pouco lhes importa se , ao final das competições de que venham a participar, terão sido vitoriosos ou não. Jogou-se para escanteio o espírito de luta do passado. Os tempos, hoje, são mesmo completamente diferentes. Uma pena!

Gilson Barbosa é jornalista

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