A solidão corrosiva do empresário é um risco na gestão?

Escrito por Cicero Rocha ,
Cicero Rocha é especialista em empresas familiares e presidente do Instituto Empresariar
Legenda: Cicero Rocha é especialista em empresas familiares e presidente do Instituto Empresariar
O empresário precisa ser aconselhado? A resposta não é simples, mas a realidade do mercado atual, especialmente nas empresas familiares, é clara: sim, e urgentemente.
 
Veja bem: Vivemos em um ambiente econômico e social de transformações aceleradas, onde a capacidade de adaptação e a estratégia não são mais uma opção, mas, sim, uma exigência vital.
 
É nesse ponto que a figura do conselheiro surge como um farol em meio à neblina.
 
Na ocasião, o empresário brasileiro, especialmente aquele que lidera uma empresa familiar, carrega o peso da tradição e a responsabilidade de preservar um legado.
 
Essa responsabilidade, muitas vezes, vem acompanhada de uma solidão corrosiva.
 
Culturalmente, o empreendedor no Brasil se acostumou a tomar decisões isoladamente, temeroso de parecer vulnerável ou inadequado ao aceitar ser aconselhado.
 
O resultado: se torna refém de sua própria perspectiva, incapaz de enxergar além do horizonte estreito que o cerca.
 
No ambiente familiar, essa solidão se amplifica. Conflitos geracionais, a fusão entre laços de sangue e negócios e a dificuldade de profissionalizar a gestão criam uma teia complexa que um líder solitário dificilmente consegue desatar.
 
Nesse cenário, um conselheiro qualificado não é um sinal de fraqueza, mas uma ferramenta estratégica. Ele traz a experiência de quem já enfrentou marés turbulentas e sabe como navegar em meio aos desafios: decisões econômicas e financeiras, sucessão, governança e até a manutenção da harmonia familiar.
 
A resistência em buscar aconselhamento muitas vezes vem de um orgulho quase atávico, uma crença de que admitir a necessidade de ajuda é um sinal de incompetência. Nada mais equivocado. Em um mercado globalizado e interconectado, ser avaliado e desafiado é um ato de inteligência. O conselheiro não é um crítico externo, mas um aliado que amplia a visão do empresário, confronta suposições e constrói um plano estratégico para o futuro.
 
Se permitir a ser aconselhado é deixar de ser vítima da própria experiência e se tornar o protagonista de uma gestão mais informada e eficaz.
 
É hora de romper o ciclo da solidão e perceber que, no xadrez dos negócios, um rei isolado nunca vence.
 
Cicero Rocha é especialista em empresas familiares e presidente do Instituto Empresariar 
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