Câncer ósseo: um mal silencioso
O Brasil enfrenta um cenário complexo em relação ao câncer - do qual o próximo 27 de novembro emerge como Dia Nacional de Combate ao Câncer. A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é que o país terá 704 mil novos casos anuais até 2025, o que configura um quadro preocupante. Dentro desse contexto, o câncer ósseo, embora represente apenas 2% dos casos, ou cerca de 2.700 ocorrências por ano, é um desafio, pois a baixa incidência não diminui a gravidade da doença.
A causa da maioria dos tumores ósseos é desconhecida, o que dificulta a prevenção e o diagnóstico. Além disso, os sintomas iniciais podem ser confundidos com outras doenças. A dor, o inchaço e a limitação de movimento são os principais sinais de alerta. A persistência da dor, especialmente à noite, é o maior indicador para se buscar ajuda médica. O diagnóstico envolve a combinação de exames clínicos e de imagem, com o objetivo de identificar o tipo de tumor e seu estágio.
Jovens tendem a apresentar tumores primários, com maior incidência ao redor do joelho, úmero e bacia. Já em idosos, os tumores secundários, vindos de outros órgãos, são mais comuns, com a coluna como principal alvo.
Os tipos mais comuns de câncer ósseo são o osteossarcoma, o sarcoma de Ewing e o condrossarcoma, cada um com características específicas em relação à idade de ocorrência e localização. O osteossarcoma é mais comum em adolescentes e jovens adultos, enquanto o condrossarcoma acomete principalmente adultos.
O tratamento do câncer ósseo é multidisciplinar e envolve cirurgia, quimioterapia e radioterapia. A escolha da melhor abordagem depende do tipo de tumor, seu estágio e das características do paciente.
Quanto mais cedo o câncer ósseo for detectado, maiores são as chances de sucesso do tratamento. A conscientização sobre os sintomas, a busca por ajuda médica e os exames periódicos são medidas essenciais para se enfrentar a doença. Por essa razão, a união de esforços entre profissionais de saúde, pesquisadores, pacientes e a sociedade é fundamental para avançarmos no combate a essa enfermidade silenciosa e preocupante.
Christine Muniz é presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - Seção Ceará (SBOT-CE)