Enem e os idosos: um novo começo?

Podemos ir além de discutir apenas o acesso e começar a refletir sobre a acessibilidade e a adequação dos processos seletivos

Escrito por
Davi Marreiro  producaodiario@svm.com.br
Consultor Pedagógico e professor
Legenda: Consultor Pedagógico e professor
O Enem 2024 registrou 10 mil idosos inscritos. Sobre esse tema, o principal destaque foi: “O número de pessoas com mais de 60 anos foi o maior registrado desde 2020.” É evidente que nossa primeira reação é comemorar, afinal, a necessidade de reparação social é um fator relevante. Contudo, além das epígrafes, precisamos relembrar o tamanho da exclusão histórica educacional dessa parcela da população, que muitas vezes não teve acesso à educação básica ou foi privada de oportunidades de conclusão do ensino médio no período adequado. Aliás, até na beleza delicada de um lírio do campo, podemos encontrar a sombra de um réptil torpe e fedorento.
 
 “Vivemos como pássaros, batendo as asas e amarrados pelos pés”. Nossas conquistas políticas avançam em um ritmo especialmente letárgico, quase uma coreografia bem ensaiada entre a esperança e a frustração. Para ilustrar: em 1940, de acordo com o IBGE, apenas 44% da população era alfabetizada. Quatro décadas depois – pasmem diante de tamanha eficiência! – houve um aumento glorioso de 30,5 pontos percentuais. Nesse ritmo, talvez em séculos nos tornaremos uma potência educacional. Por isso, ao ler sobre “o alto número de idosos inscritos no ENEM”, não consigo enxergar um triunfo do sistema, pois vejo principalmente uma vitória da perseverança individual. A vitória da insistência sobre a negligência das políticas educacionais ineficazes.
 
Plás, plás, plás... Esse talvez seja o som das asas de pássaros que, apesar de livres, seguem tentando voar em direção a um sistema educacional funcional. Segundo o Censo da Educação Superior, em 2023 foram registradas 60.735 matrículas de estudantes com 60 anos ou mais. Porém, eis o plot twist: apenas metade desses alunos, 30.692, realmente ingressaram no ensino superior.
 
Podemos ir além de discutir apenas o acesso e começar a refletir sobre a acessibilidade e a adequação dos processos seletivos. Quando vamos seguir o bom exemplo do vestibular 60+ da Universidade Federal de Viçosa? Já destacamos a importância de fortalecer a EJA? Continuar tentando "bater asas" enquanto permanecemos presos às mesmas amarras do passado é exaustivo e supressivo.
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