Veja os principais riscos de inalar fumaça de incêndio como a do Parque do Cocó, em Fortaleza

O incêndio que atinge o Cocó começou por volta das 18h desta quarta-feira (17) e espalhou uma longa nuvem de fumaça por diversos bairros da Capital cearense

Escrito por André Costa , andre.costa@svm.com.br
Legenda: Inalar fumaça oriunda de incêndios pode causar diversas complicações à saúde, até mesmo câncer
Foto: Fabiane de Paula

Pelo menos 20 hectares queimados, foco ainda remanescente mais de 16 horas após o início do incêndio no Parque do Cocó e muita fumaça por diversos bairros de Fortaleza. Para além do dano ambiental, uma queimada dessa magnitude afeta sobremaneira a saúde humana.

[Atualização às 18h45]

Na tarde desta quinta-feira, o Corpo de Bombeiros confirmou que não foram 20 hectares de terras atingidos pelo fogo. Mas os incêndios ocorreram dentro de um polígono de 20 hectares, um espaço que, portanto, não foi totalmente atingido pelo fogo.

O médico Bruno Bezerra, membro da diretoria da Associação Médica Cearense (AMC), alerta que inalar esse tipo de fumaça pode causar queimadura das vias áreas superior e inferior, asfixia, pneumonia e até câncer.

Os poluentes oriundos da fumaça, como monóxido e dióxido de carbono, quando inalados, se espalham pelo corpo através da corrente sanguínea, podendo causar uma série de malefícios.

A curto prazo, a exposição a esta fumaça de incêndio pode gerar dificuldade de respirar, dor nas vias respiratórias, ardência na garganta, dor de cabeça e vermelhidão ou lacrimejamento nos olhos.

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A inalação direta da fumaça isso pode causar consequência muito graves, inclusive o óbito. Pacientes em extremos de idade [novos ou idosos] e pacientes crônicos são pessoas ainda mais vulneráveis. 
Bruno Bezerra

Isso é o dano primário. A longo prazo e a depender do tempo de exposição às substâncias tóxicas da fumaça, diversos órgãos podem ficar comprometidos, como os pulmões. Vasos sanguíneos e o sistema imunológico também sofre com os efeitos da fumaça

"Os pulmões acabam sofrendo as piores consequências. O nosso nariz funciona como um filtro. Ele é a primeira barreira de proteção dos poluientes que vêm externamente. Quando eu tenho contato com essa fumaça e meu nariz acaba ficando entupido, então perco essa proteção nasal. Assim, acabo respirando pela boca e com isso jogo o ar cheio de poluientes diretamente aos pulmões", explica o especialista.  

Legenda: Monóxido e dióxido de carbono são alguns dos poluentes oriundos da fumaça dos incêndios

Estudo publicado na revista Nature  mostra que a fumaça tem relação com o aumento da prevalência de infarto, AVC, maior risco de câncer e até doenças crônicas.

Por serem muito pequenas, inferiores a espessura de um fio de cabelo, essas partículas químicas provenientes das queimadas podem ficar suspensas no ar durante dias.

Dicas para quem mora em bairros onde há presença da fumaça:

  • Manter uma boa hidratação, consumindo entre dois a três litros de água todos os dias;
  • Lavar nariz de 3 a 4 vezes por dia com soro fisiológico;
  • Evitar sair em horários nos quais a umidade do ar está baixa (entre 12h e 16h);
  • Evitar, quando possível, a proximidade com incêndios;
  • Manter os ambientes fechados, porém umidificados;
  • Ingerir verduras, frutas e legumes, para deixar a dieta leve;
  • Evitar banhos muito quentes e produtos com agentes químicos que tirem a umidade natural da pele;
  • Utilizar hidratante após o banho

 

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