Usuários reclamam de redução na frota de carros compartilhados
Serviço de veículos elétricos realiza substituição dos modelos disponíveis por carros com maior número de vagas. A promessa é que, até o fim de novembro, a frota seja alterada e regularizada
No vai e vem de Fortaleza, as possibilidades para a população se deslocar ganham ares modernos, alinhados ao coletivo e ao sustentável, ainda que haja a necessidade de expansão do serviço. Alugar um carro elétrico é exemplo dessa realidade, desde setembro de 2016, com a criação do projeto Veículos Alternativos para Mobilidade (Vamo), coordenado pela Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP). A promessa é que até o fim de novembro, os modelos de veículos de dois usuários serão substituídos pelos de cinco.
A medida vem impactando os usuários, que reclamam da falta de carros nesse processo de transição. Quem faz parte desse grupo é o ator e animador Lucas Alexandre, 26, que utiliza o Vamo para passeios com a família e para ir às compras. Ele diz que adquire o passe mensal e opta pelo serviço por causa da vantagem de transportar uma pessoa a mais do que quando utiliza serviços de viagens por aplicativo. "Tem muita gente que não sabe utilizar os carros e esse projeto é pra todo mundo. É para a cidade e não para ficar em determinado bairro com IDH alto", pontua.
Apesar de avaliar bem o serviço, Lucas relata que têm dificuldade para encontrar os veículos em estações nas proximidades do bairro Parangaba. A reclamação vem se tornando uma constante nos últimos dias, uma vez que os usuários notaram uma diminuição na oferta de automóveis nas 12 estações do Vamo na Capital.
A reclamação de Lucas é a mesma da jornalista Cristiane Carvalho, 47. Ela passou a buscar veículos em estações como a do Jóquei Clube e na do Montese, por não ter carro próprio, mas convive com o transtorno de não encontrá-los. "Agora, eu estou com dificuldades porque o serviço não está disponível. Das últimas vezes que eu usei o aplicativo, eu via que só tinha carro maior. Eu só usava o carro de dois lugares e nunca tinha em estações aqui perto", relata.
A jornalista usa o serviço em média três vezes por semana para ir ao Centro e ao Dragão do Mar, na Praia de Iracema, mas notou uma redução na frota. Sobre o uso da plataforma, ela conta que os carros compartilhados representavam conforto e segurança. "Eu tenho mobilidade reduzida. Tive paralisia infantil na perna esquerda e, para mim, o transporte público é péssimo. Esses carros chegaram num momento bom e preenchia todos os meus requisitos", destaca.
Cristiane Carvalho fala sobre o receio de fazer viagens em outros serviços particulares pela sensação de insegurança. "Eu não gosto de utilizar carros de aplicativos, a não ser que eu esteja com amigo. A gente fica muito vulnerável", acrescenta. Ansiando pela regularização da frota, ela conta que chegou a acionar a central de atendimento do serviço e que foi informada sobre a mudança dos modelos disponibilizados.
A reportagem percorreu algumas estações e vagas do Vamo como na Praça das Flores, na Rua Barbosa de Freitas, na Aldeota, e na Igreja de Fátima onde não foram encontrados veículos. Nestes locais, comerciantes e moradores disseram notar a ausência dos carros. Já na estação Igreja de Nazaré, no Montese, foi visto um carro de cinco lugares e os populares apontaram como bastante utilizado.
Mudanças
A SCSP, a Hapvida e a Serttel, empresas que financiam parte do serviço de carro compartilhado, não souberam precisar quantos automóveis estão disponíveis para os usuários. Também não informou quantos veículos de dois lugares já foram substituídos pelos de cinco. A assessoria do Grupo Serttel respondeu que estão "substituindo os veículos de dois lugares pelo Renault ZOE. Até o final de novembro todos os novos carros estarão nas estações". Até então, o Vamo Fortaleza operava com 20 carros elétricos, sendo 15 do modelo de dois lugares e outros cinco maiores, para cinco usuários.
O secretário-executivo da SCSP, Luiz Alberto Sabóia, disse que até o fim do mês o site do serviço deve estar atualizado e os carros de dois lugares substituídos pelos modelos maiores. Para a implantação do Vamo, há quase três anos, o secretário disse que foram avaliados os espaços de maior demanda como pontos comerciais, de lazer e de proximidade com outros serviços de transporte como os terminais de ônibus.
Em média, são realizadas nove viagens por dia com os carros compartilhados, conforme dados da Pasta Municipal, sendo a procura mais intensa de quinta-feira a sábado. Dois perfis de usuários se destacam. Parte dos condutores utilizam os carros para viagens curtas, com cerca de duas horas, em deslocamentos sem a necessidade de pausas, enquanto outra parte faz uso do serviço por volta de três horas para ir ao supermercado ou assistir a aulas. Pessoas entre 21 e 40 anos e que não possuem um automóvel particular estão entre os principais usuários do Vamo.
Para Sabóia, o projeto traz muitos aspectos positivos para a cidade por ser uma opção sustentável de transporte e por não representar custos para a administração pública. Ele explica que o serviço é financiado pela iniciativa privada e pelas tarifas pagas pelos motoristas. "Esse projeto já tem dois anos de existência e na fase que se encontra nós observamos que, nas interações com os usuários, há preferência pelos carros maiores e com bagageiros", destaca ele, reforçando a decisão pela mudança nos modelos.
Cadastro
Quem tem interesse em utilizar os carros do sistema compartilhado precisa fazer um cadastro no aplicativo Vamo Fortaleza disponível para Android e iOS. Para isso, o interessado deve preencher seus dados no site www.Vamofortaleza.Com com as informações da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), de categoria B e válida há mais de um ano, e de um cartão de crédito em que é necessário ser titular. Cópias dos documentos devem ser enviadas para a operadora Mobilicidade.
Para a emissão do passe, deve ser enviado um comprovante de endereço de titularidade do usuário, tanto para fatura física como para a digital. Já foram realizados 4.420 cadastros desde o surgimento da iniciativa.