Transplantes de medula óssea caem 26% em rede pública do Ceará na pandemia

Foram realizadas 51 operações até novembro, no Hospital Universitário Walter Cantídio, única sede da rede pública que opera este tipo de procedimento no Estado

Escrito por Redação ,
foto transplante
Legenda: Por causa da redução, consequentemente, o número de pessoas na fila de espera para o transplante aumentou
Foto: Yago Albuquerque

A quantidade de transplantes de medula óssea na rede pública do Ceará apresentou queda de 26% até novembro, saindo de 69 cirurgias em 2019 para 51 neste ano, segundo dados do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). A unidade hospitalar, única a operar esse tipo de procedimento no Estado, manteve os transplantes mesmo durante a pandemia. 

Ao todo, o ano passado contabilizou 76 operações na rede pública, com média de 4 a 7 cirurgias por mês - com exceção de julho, que chegou a 10 procedimentos. Em 2020, os números variaram entre 4 e 6 operações, tendo queda de respectivamente 42% e 60%, nos meses de abril e maio. A quantidade variou de 7 para 4 cirurgias no primeiro mês, enquanto, no segundo, foi de 5 para 2. 

Apesar da diminuição, a assessoria do HUWC aponta, em nota, que a quantidade de transplantes realizados neste ano mantém similaridade com a de 2019, assim como o compromisso com a causa e a capacidade de adaptação em meio às mudanças repentinas. 

“Isso mostra que, mesmo num cenário extremamente difícil e cheio de necessidade de readequações infraestruturais e de processos de trabalho, nossa equipe do Serviço de Transplante de Medula Óssea praticamente manteve a média de procedimentos", afirma o Hospital. 

Espera

De acordo com o chefe da Hematologia e Transplante de Medula Óssea do Hospital Universitário Walter Cantídio, Fernando Barroso, o número de pessoas na fila de espera para o transplante também aumentou. Ele explica que, apesar dos esforços para que os transplantes não parassem com a pandemia, a redução de leitos e o ritmo das cirurgias sofreram impactos neste ano.

A fila aumentou em função da pandemia. Nós perdemos dois leitos: nós tínhamos oito e passamos a seis. Essa fila tem em torno de 80 pessoas e está andando de maneira mais lenta”, explica. Apesar disso, o médico comenta que o transplante de medula óssea foi o único transplante que não parou no Estado. 

Considerando a rede pública e privada, o Ceará teve 217 transplantes de medula óssea realizados em 2019, conforme dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Deste, 76 foram realizados no HUWC, enquanto os outros 138 se dividiram em 5 hospitais da rede privada do Estado. Neste ano, no período de janeiro até setembro, a ABTO contabilizou 56 transplantes, sendo 40 realizados no HUWC

No cadastro para a realização desse transplante específico, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) contabilizou 57 pacientes inscritos no Ceará, de janeiro a novembro de 2020. Fernando aponta que não há como mensurar os impactos dos procedimentos adiados porque “é uma corrida contra o tempo”.

“Em média, um transplante acontece em 90 dias. Hoje nós temos pessoas prontas, preparadas, mas não tenho leitos”, justifica. 

Doadores 

No Ceará, o Hemoce é responsável pelo cadastro de doadores de medula óssea. Entre janeiro e novembro deste ano, o número de pessoas cadastradas pelo hemocentro cearense para este fim foi de 8.782. Em todo o ano de 2019, o número foi de 13.812. Atualmente o Hemoce conta com mais de 208.619 pessoas cadastradas

Na pandemia, houve uma diminuição de cadastros. Enquanto foram 12 mil cadastros entre janeiro e novembro do ano passado, em 2020, foram 9 mil. “Melhorou um pouco quando a pandemia acalmou. Tiveram campanhas que ajudaram bastante e voltou a normalizar a partir de outubro, novembro, começou a melhorar”, finaliza o médico. 

 

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