Thina Rodrigues morre aos 57 anos por Covid-19; travesti foi pioneira da causa LGBTI+ no Ceará

Natural de Brejo Santo, interior cearense, Thina chegou a ser presa por expressar a própria identidade de gênero; ela foi cofundadora da Associação de Travestis do Ceará (Atrac)

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Legenda: Imagem de 2017, quando Thina participava de protesto pedindo justiça pela morte da travesti cearense Dandara dos Santos
Foto: Fabiane de Paula

A presidente da Associação de Travestis do Ceará (Atrac), Thina Rodrigues, morreu em Fortaleza, na manhã desta segunda-feira (29), aos 57 anos, vítima da Covid-19. De acordo com nota de pesar da Coordenadoria Especial para a Diversidade Sexual, Thina teve uma parada cardíaca e não resistiu ao agravamento da infecção.

Natural de Brejo Santo, município do interior do Ceará, Thina teve a trajetória de vida marcada pela luta contra preconceitos e discriminações a transexuais e travestis cearenses. Ainda aos 17 anos, foi expulsa de casa, e aos 20 foi presa “apenas por ser quem é”, como relatou, em novembro de 2019, em entrevista ao Diário do Nordeste.

Foi nas vivências pessoas e também na coletividade onde Thina encontrou força e fundou, há duas décadas, junto à ativista Janaína Dutra, a Atrac, a qual presidia até os tempos atuais. “Começamos a lutar pelo direito de ir e vir e de existir de todas nós. Passamos a ser protagonistas das nossas próprias histórias. A nova geração está vivendo o que construímos para ela, mas o preconceito não vai acabar. Cada menina maltratada na escola, no posto de saúde, me machuca. A luta precisa continuar", sentenciou Thina, em novembro passado.

Na mesma entrevista, sobre o Dia Internacional da Memória Trans (20/11), a ativista revelou como queria ser lembrada pelas novas gerações. “Apenas como uma pessoa simples, lutadora, ativista e militante, que vai ficar muito feliz quando as travestis e trans forem aceitas de forma plena”.

Em nota, a Coordenadoria Especial para a Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza lamentou a perda da ativista. “Mulher, travesti, preta, guerreira, deixa em nós uma imensa saudade e inúmeras recordações nas trincheiras dessa guerra que é lutar cotidianamente pela vida”.

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