Terminal do Siqueira tem embarques suspensos durante manifestação dos motoristas
A circulação de ônibus no equipamento chegou a ser suspensa, e passageiros precisaram pegar condução na área externa
O terminal de ônibus do bairro Siqueira, em Fortaleza, teve os embarques temporariamente suspensos durante uma manifestação de motoristas e cobradores na manhã desta terça-feira (8), primeiro dia do movimento de greve da categoria. Com isso, os passageiros precisaram acessar os ônibus do lado de fora do equipamento.
Na segunda-feira (7), Tribunal Regional do Trabalho do Ceará (TRT-CE) havia decidido que os trabalhadores do transporte público da Capital deveriam garantir pelo menos 70% da frota de veículos circulando durante a greve.
Assista:
Conforme o desembargador Paulo Régis Machado Botelho, a categoria está proibida de fechar vias em terminais, garagens de veículos e em paradas de transporte público. Caso as medidas não sejam obedecidas, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Ceará (Sintro) poderá pagar multa de R$ 30 mil.
Acesso
No ato desta manhã, o Terminal do Siqueira ficou fechado e os coletivos não conseguiram entrar e sair do equipamento. A suspensão das corridas gerou aglomeração de pessoas nas plataformas e também na área externa do terminal, além de reclamações por parte dos usuários.
A auxiliar de serviços gerais, Luzimar Pessoa, foi ao terminal pegar a condução para o bairro Castelão, mas não teve êxito. Enquanto conversou com a reportagem do Diário do Nordeste, ela já contava mais de 20 minutos de atraso para o expediente.
"Não consegui entrar no terminal. A gente tendo que trabalhar para sustentar a família e um negócio desse jeito. Era pra eu estar às 6h40 no trabalho", conta, lamentando ainda a falta de dinheiro para chegar ao serviço de transporte alternativo. "Não vi preços porque não eu não tenho condições de pagar".
Alternativa
Diante da impossibilidade de embarque, a professora Flaviana Marques chegou a buscar outros meios de locomoção para chegar na escola onde trabalha no bairro Meireles. No entanto, revela que ficou assustada com os preços.
"Ninguém consegue pegar ônibus. O mototáxi está R$ 30 e o uber está R$ 60. Como vamos trabalhar desse jeito? Eu já liguei avisando que vou demorar", afirma.
O problema se estendeu por toda a região do Siqueira. Nas ruas e avenidas próximas ao terminal, havia alta demanda de passageiros nas paradas, como na Osório de Paiva.
Terminal Parangaba
Por outro lado, o terminal da Parangaba registrou normalidade no serviço de transporte público nas primeiras horas desta terça-feira. Apesar das longas filas, os passageiros conseguiram embarcar nos coletivos, que não tiveram suspensão dos itinerários.
Terminal Lagoa
Cenário parecido se repete no Terminal da Lagoa, onde houve oferta regular de ônibus e movimento comum de usuários. Não houve registro de aglomerações nas plataformas de acesso aos veículos.
Mobilização sindical
Por volta das 3h desta terça-feira (8), representantes do Sintro estiveram em uma garagem mobilizando a categoria para a greve. A entidade ainda tentou contato com dois ônibus que saíam do local, mas houve recusa dos motoristas e os veículos seguiram viagem.
O diretor do Sintro, Benedito Santos, reforçou que o sindicato reivindica por aumento salarial e inclusão dos trabalhadores do transporte coletivo nos grupos prioritários de vacinação contra a Covid-19.
"Os patrões não querem dar reajuste em 2020 e em 2021. O nosso poder de compra caiu muito, enquanto eles tiveram incentivo do governo federal. Também pedimos vacinas. Nós estávamos na 4ª fase no grupo de prioridade e infelizmente eles tiraram. Já morreram vários trabalhadores nossos", disse.
Polícia em ação no Centro
Uma equipe do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) conduziu três homens para o 34º Distrito Policial durante manifestação no Centro, realizada pela manhã. Eles estavam tomando as chaves de outros condutores para não trabalharem durante a paralisação da categoria.
Conforme informações preliminares, a Polícia foi alertada sobre três motoristas de ônibus estavam tomando as chaves de outros condutores para não trabalharem durante a paralisação da categoria. O fato ocorreu na Avenida da Universidade.
Após ser identificado, o trio foi encaminhado para o 34º DP, onde foi ouvido. Para as autoridades policiais, os homens negaram os fatos. Um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) pelo crime de atentado contra a segurança de meio de transporte foi lavrado contra eles.
Repúdio
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) informou que a frota está operando dentro da capacidade prevista e que todos os esforços operacionais estão sendo realizados para garantir a circulação normal da população.
Ainda no comunicado, a entidade disse que repudia "qualquer ato que prejudique a circulação dos ônibus e impeça o deslocamento da população", e frisou que está sempre aberto ao diálogo.