"Tem noites que eu não consigo nem dormir", confessa Camilo Santana ao falar da pandemia
Em tom de preocupação, o governador do Ceará disse que pensa nas "pessoas que mais precisam"
Ao repercutir o cenário de transmissão simultânea da Covid-19 nos 184 municípios do Ceará, que já se mostra mais grave comparado ao pico da pandemia, o governador Camilo Santana revelou que não consegue dormir ao pensar nos efeitos da crise sanitária, sobretudo na vida das pessoas em situação de vulnerabilidade.
“Confesso a você que tem noites que eu não consigo nem dormir pensando nas pessoas que mais precisam no Ceará”, disse, emocionado, em entrevista ao Sistema Verdes Mares no início da tarde desta quinta-feira (4), um dia antes do início do período de lockdown em Fortaleza.
A preocupação, segundo ele, aumenta ao se deparar com falsas notícias a respeito dos motivos que levaram ao isolamento social rígido e à suspensão de atividades econômicas no Estado.
O governador rebate que, ao contrário das informações enganosas, "nos últimos seis anos, a coisa que mais fiz, foi lutar para melhorar a economia e trazer empreendimentos" para o Ceará, a exemplo do HUB aéreo da Capital.
"Pessoas usam esse momento difícil para fazer mentiras, tirar o foco do momento. Nós estamos falando de vida, meu Deus do céu, de pessoas que estão morrendo".
Veja também
Assistência à economia
Camilo disse entender a "dor e o sofrimento" dos empresários e reforçou manter um diálogo constante com os diversos segmentos da economia para minimizar os impactos negativos da pandemia no setor.
As tratativas com a área de eventos, "que mais sofreu ao longo de um ano de pandemia", avançaram e o governo estadual já aprovou um pacote de ajudas. Ainda nesta quinta-feira, novas medidas de apoio ao setor de bares e restaurantes serão anunciadas, segundo o governador.
Para os cearenses com renda afetada pela pandemia, o poder Executivo também irá traçar alternativas. "Vou discutir medidas importantes para pessoas mais pobres, como fiz no ano passado, pagando a conta de água, energia, o vale-gás", citou.
Busca por vacina
Camilo anunciou que o Ceará poderá receber até o fim deste e o início de abril, doses "suficientes para vacinar um milhão de cearenses", caso o cronograma do Plano Nacional de Imunização seja executado conforme a expectativa divulgada pelo Ministério da Saúde.
"Isso significa que nós vamos poder vacinar quase todos os cearenses acima de 60 anos. Se isso se concretizar, que é a nossa esperança nesse momento, pode acontecer até o fim de março e começo de abril, porque ninguém sabe o calendário de recebimento dessas vacinas", ponderou Camilo.
De acordo com o governador, o Estado dispõe de "dinheiro para comprar vacinas", mas a aquisição esbarra na "disputa do mundo inteiro" por doses do imunizante. "Já falei com embaixadores, cônsules, empresas na China, na Índia, nos Estados Unidos, na Europa, e vamos continuar essa luta para que a gente possa trazer mais rápido as vacinas para o Ceará", assegurou.
Tempo de lockdown
Enquanto não há imunização em massa, Camilo defende a adoção de medidas sanitárias para conter a disseminação da Covid-19, como o isolamento social rígido que entra em vigor nesta sexta-feira (4), na Capital.
O término do lockdown, inclusive, vai depender da “colaboração de cada um” ao evitar aglomerações, deslocamentos para atividades não essenciais e uso de máscara. “Porque se essa curva começa a diminuir e com a quantidade de leitos que vamos aumentar, consegue suportar a demanda”, alertou.
"Único objetivo do isolamento é garantir que as pessoas que precisam de um leito de UTI possam ter. As pessoas morrem por falta de ar. Você imagina uma pessoa com falta de ar e não ter um leito com oxigênio? Nós precisamos garantir, é o mínimo que o Estado pode fazer".
Ampliação de leitos
Atualmente, o Ceará dispõe de 933 leitos de UTI e 2.300 de enfermaria exclusivos para o atendimento de Covid-19 em unidades de saúde mantidas pelo Estado. Para sinalizar a importância da reclusão domiciliar, Camilo frisou que apesar da reestruturação da rede hospitalar, há um limite de expansão das alas de alta complexidade.
"A velocidade que a pandemia está crescendo é maior do que a capacidade de abertura de novos leitos. Isso tem um limite", lamentou o governador.