Serviços 24 horas em toda a Capital ainda são insuficientes
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Redação
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Legenda:
O movimento nos supermercados é grande no período das 22 à 1 hora
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Foto: Tuno Vieira
Dos 980 supermercados existentes em Fortaleza, apenas três oferecem serviço 24 horas para os clientes
Fortaleza, metrópole mais populosa por metro quadro do País e quinta em número de habitantes, uma cidade que já começa a ter ares de cosmopolita, é ainda, carente de serviços 24 horas. A campeã do Prêmio Viagem e Turismo 2011/2012, eleita o destino que o leitor mais quer conhecer no Brasil, sofre com o déficit de supermercados, farmácias e restaurantes nesses horários.
Jangadas, caranguejo, megabarracas, claro, mas também restaurantes estrelados, hotéis de charme, unindo-se aí à reurbanização da orla, favoreceram a escolha do destino. Porém, na contramão desse cenários temos uma cidade com apenas três supermercados 24 horas, cinco farmácias e um restaurante nesse sistema. É difícil imaginar que essa seja uma realidade na Capital. Mas o próprio cidadão já sente e reclama.
O cirurgião dentista Phelype Maia, 31 anos, é um deles. Com uma rotina intensa, ele divide-se entre a pós-graduação, atendimento clínico e hospitalar. Devido a isso, conta que costuma fazer supermercado somente à noite. Certa vez cheguei bem tarde de viagem e não consegui local onde comer. Restaurantes fechados e supermercados, também, só tinha lanchonetes, e poucas", conta o cirurgião dentista.
Fora essa situação, Maia relata que certa vez estava com muitas dores no joelho, e foi em busca de uma farmácia, mas não encontrou nenhuma em funcionamento durante a madrugada. "Fiz minha cirurgia do joelho e senti bastante dor de madrugada e não conseguia comprar um analgésico, o jeito foi esperar amanhecer". Assim como Phelype - que acorda cedo e tem uma agenda lotada- a cabeleireira Eudalice Queiroz, 37 anos, já passou pelas mesmas dificuldades do dentista.
"Acredito que Fortaleza já comporte esse serviço. Veja só: faço supermercado somente à noite, que é o tempo que sobra, e nesse horário, a loja é bastante movimentada, e aqui no Meireles só temos uma, que é no Náutico ", conta.
A cabeleireira reclama também da escassez de transporte público. Ela relata que certa vez foi assistir a um show no aterro da Praia de Iracema, e quando terminou o shows teve que dormir no terminal até que começasse a circular a linha que a levaria para casa.
"Estava hospedada na casa de uma amiga, que mora em Messejana, quando a festa terminou, na Praia de Iracema, esperamos o ônibus para nos levar para casa. Chegamos no terminal por volta das 2h, e ficamos lá até o amanhecer, pois é quando iria começar a circular a rota normal", explica.
Assim como a carência dos serviços já citados, no caso supermercados, farmácias e transporte, os equipamentos culturais também são alvo de reclamação dos usuários.
A estudante universitária Priscila Catunda, 21 anos, diz que sente falta de uma programação cultural noturna mais intensa. "Na verdade eu só conheço o Dragão do Mar e o Theatro José de Alencar, que funcionam somente até determinada hora. O Dragão é mais tranquilo, mas não totalmente em termos de segurança. Já no José de Alencar, o lugar é lindo, mas como é no Centro da cidade, a sensação de insegurança assusta".
Após esses relatos, a pergunta que fica é se a cidade terá condições de atender a uma demanda extra - tendo em vista os visitantes que virão para a Copa do Mundo - acostumados com esse tipo de serviço?
Fortaleza será protagonista da Copa de 2014 e da Copa das Confederações, um ano antes. O estádio Castelão receberá seis jogos em 2014, um deles do Brasil, e por esse motivo, Fortaleza está ganhando projetos de melhoria urbanística.
O trecho da Avenida Beira-Mar que vai do Mucuripe até a Praia do Meireles deverá passar por revitalização a partir de janeiro, com alargamento da via, construção de estacionamentos e ciclovia e instalação de trilhos para a operação de um bonde elétrico.
Resta saber se dos 980 supermercados existentes na Capital, ainda continuarão a funcionar apenas três na madrugada, e se haverá a descentralização destes, para fora do eixo Aldeota e Meireles, áreas de concentração turística da cidade. Além disso, a ampliação de restaurantes, transportes e equipamentos culturais para horários mais condizentes com rotina cearense.
Movimentação nas lojas de supermercados 24 horas é grande no período noturno, das 22 à 1 hora da madrugada.
ENQUETE
O que você acha do serviço
Acho bem cômodo, pois moro só e passo o dia com diversas atividades. Então, o tempo que sobra é à noite, quando faço minhas compras de supermercado
Amaro Pena
Músico
Fortaleza já necessita de lojas com esse horário de funcionamento. Acho essencial, principalmente quando falo de farmácias, que são raras as que funcionam 24 horas
Sineide Carvalho
Bióloga
Farmácias
5 é a quantidade de farmácias com funcionamento 24 horas em toda a Capital. Essas estão espalhadas por apenas cinco bairros da cidade de Fortaleza.
Insegurança e acesso são entraves para expansão
Há dez anos a abrangência dos serviços 24 horas na Capital era bem maior. Porém, por uma questão de mercado, devido à alta concorrência, insegurança e dificuldade de acesso esses serviços foram reduzidos paulatinamente, e hoje são raros.
Dos 980 supermercados existentes em Fortaleza, apenas três funcionam na madrugada e todos localizados nos bairros Aldeota e Meireles. Segundo o secretário executivo da Associação Cearense dos Supermercados (Acesu), Carlos Brito, há alguns anos esse cenário era diferente, porém devido à insegurança, dificuldades para o acesso e demanda baixa, esses estabelecimentos fecharam.
"A tendência é diminuir caso não haja um estímulo para esse consumidor aparecer. A melhoria na segurança e no transporte são essenciais. Caso contrário, abrir uma loja com atendimento 24 horas se torna muito oneroso", disse Brito.
Ele explica que, devido a essa mudança de comportamento do fortalezense, o assunto já é pauta em convenções coletivas dos supermercados. "O horário de funcionamento dos mercados é muito cultural, na periferia, onde o acesso é mais complicado e a segurança também, os estabelecimentos fecham às 22 horas, no máximo, mas não significa que não haja demanda, mas, devido a esse empecilho ela acaba retraída".
Diferentemente de outros bairros, como Aldeota e Meireles, onde estão as únicas lojas desse ramo na cidade. "Ali é muito estratégico, tem ainda uma demanda turística", explica.
O grupo Pague Menos, um do maiores no Estado, possui cinco farmácias funcionando 24 horas na Capital. Essas estão espalhadas por quatro regionais, abrangendo cinco bairros, são eles Aldeota, Meireles, Fátima, Cidade dos Funcionários, e São Gerardo. Para o presidente do grupo, Deusmar Queirós, esse número é suficiente para atender a demanda da população.
"O período da madrugada, tem muito pouco fluxo, não é rentável, o faturamento não paga a conta de luz, por isso não aumentamos as lojas 24 horas", explicou.
Fora esses motivos, o empresário também cita a insegurança e a dificuldade de mão-de-obra para trabalhar nesse horário. Quanto à possibilidade de aumentar esse quadro de lojas 24 horas, em virtude da proximidade da Copa do Mundo e Confederações, ele diz que é muito pouco provável. "Talvez haja um aumento somente no período da Copa, e olhe lá, pois geralmente o turista já traz seus medicamentos", justifica.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado do Ceará (Sincofarma), Antônio Félix, corrobora em parte com a opinião de Deusmar. Ele explica que há quatro ou cinco anos, existiam de 12 a 15 farmácias no sistema 24 horas na Capital, porém, devido à vigência da Lei 5991/73, que determina que toda farmácia possua para cada hora de funcionamento um farmacêutico.
"Esse é o nosso maior entrave, os altos custos com os profissionais, pois além de o salário desse ser maior, tem o adicional noturno a ser pago", explicou Félix.
THAYS LAVOR
REPÓRTER
Fortaleza, metrópole mais populosa por metro quadro do País e quinta em número de habitantes, uma cidade que já começa a ter ares de cosmopolita, é ainda, carente de serviços 24 horas. A campeã do Prêmio Viagem e Turismo 2011/2012, eleita o destino que o leitor mais quer conhecer no Brasil, sofre com o déficit de supermercados, farmácias e restaurantes nesses horários.
Jangadas, caranguejo, megabarracas, claro, mas também restaurantes estrelados, hotéis de charme, unindo-se aí à reurbanização da orla, favoreceram a escolha do destino. Porém, na contramão desse cenários temos uma cidade com apenas três supermercados 24 horas, cinco farmácias e um restaurante nesse sistema. É difícil imaginar que essa seja uma realidade na Capital. Mas o próprio cidadão já sente e reclama.
O cirurgião dentista Phelype Maia, 31 anos, é um deles. Com uma rotina intensa, ele divide-se entre a pós-graduação, atendimento clínico e hospitalar. Devido a isso, conta que costuma fazer supermercado somente à noite. Certa vez cheguei bem tarde de viagem e não consegui local onde comer. Restaurantes fechados e supermercados, também, só tinha lanchonetes, e poucas", conta o cirurgião dentista.
Fora essa situação, Maia relata que certa vez estava com muitas dores no joelho, e foi em busca de uma farmácia, mas não encontrou nenhuma em funcionamento durante a madrugada. "Fiz minha cirurgia do joelho e senti bastante dor de madrugada e não conseguia comprar um analgésico, o jeito foi esperar amanhecer". Assim como Phelype - que acorda cedo e tem uma agenda lotada- a cabeleireira Eudalice Queiroz, 37 anos, já passou pelas mesmas dificuldades do dentista.
"Acredito que Fortaleza já comporte esse serviço. Veja só: faço supermercado somente à noite, que é o tempo que sobra, e nesse horário, a loja é bastante movimentada, e aqui no Meireles só temos uma, que é no Náutico ", conta.
A cabeleireira reclama também da escassez de transporte público. Ela relata que certa vez foi assistir a um show no aterro da Praia de Iracema, e quando terminou o shows teve que dormir no terminal até que começasse a circular a linha que a levaria para casa.
"Estava hospedada na casa de uma amiga, que mora em Messejana, quando a festa terminou, na Praia de Iracema, esperamos o ônibus para nos levar para casa. Chegamos no terminal por volta das 2h, e ficamos lá até o amanhecer, pois é quando iria começar a circular a rota normal", explica.
Assim como a carência dos serviços já citados, no caso supermercados, farmácias e transporte, os equipamentos culturais também são alvo de reclamação dos usuários.
A estudante universitária Priscila Catunda, 21 anos, diz que sente falta de uma programação cultural noturna mais intensa. "Na verdade eu só conheço o Dragão do Mar e o Theatro José de Alencar, que funcionam somente até determinada hora. O Dragão é mais tranquilo, mas não totalmente em termos de segurança. Já no José de Alencar, o lugar é lindo, mas como é no Centro da cidade, a sensação de insegurança assusta".
Após esses relatos, a pergunta que fica é se a cidade terá condições de atender a uma demanda extra - tendo em vista os visitantes que virão para a Copa do Mundo - acostumados com esse tipo de serviço?
Fortaleza será protagonista da Copa de 2014 e da Copa das Confederações, um ano antes. O estádio Castelão receberá seis jogos em 2014, um deles do Brasil, e por esse motivo, Fortaleza está ganhando projetos de melhoria urbanística.
O trecho da Avenida Beira-Mar que vai do Mucuripe até a Praia do Meireles deverá passar por revitalização a partir de janeiro, com alargamento da via, construção de estacionamentos e ciclovia e instalação de trilhos para a operação de um bonde elétrico.
Resta saber se dos 980 supermercados existentes na Capital, ainda continuarão a funcionar apenas três na madrugada, e se haverá a descentralização destes, para fora do eixo Aldeota e Meireles, áreas de concentração turística da cidade. Além disso, a ampliação de restaurantes, transportes e equipamentos culturais para horários mais condizentes com rotina cearense.
Movimentação nas lojas de supermercados 24 horas é grande no período noturno, das 22 à 1 hora da madrugada.
ENQUETE
O que você acha do serviço
Acho bem cômodo, pois moro só e passo o dia com diversas atividades. Então, o tempo que sobra é à noite, quando faço minhas compras de supermercado
Amaro Pena
Músico
Fortaleza já necessita de lojas com esse horário de funcionamento. Acho essencial, principalmente quando falo de farmácias, que são raras as que funcionam 24 horas
Sineide Carvalho
Bióloga
Farmácias
5 é a quantidade de farmácias com funcionamento 24 horas em toda a Capital. Essas estão espalhadas por apenas cinco bairros da cidade de Fortaleza.
Insegurança e acesso são entraves para expansão
Há dez anos a abrangência dos serviços 24 horas na Capital era bem maior. Porém, por uma questão de mercado, devido à alta concorrência, insegurança e dificuldade de acesso esses serviços foram reduzidos paulatinamente, e hoje são raros.
Dos 980 supermercados existentes em Fortaleza, apenas três funcionam na madrugada e todos localizados nos bairros Aldeota e Meireles. Segundo o secretário executivo da Associação Cearense dos Supermercados (Acesu), Carlos Brito, há alguns anos esse cenário era diferente, porém devido à insegurança, dificuldades para o acesso e demanda baixa, esses estabelecimentos fecharam.
"A tendência é diminuir caso não haja um estímulo para esse consumidor aparecer. A melhoria na segurança e no transporte são essenciais. Caso contrário, abrir uma loja com atendimento 24 horas se torna muito oneroso", disse Brito.
Ele explica que, devido a essa mudança de comportamento do fortalezense, o assunto já é pauta em convenções coletivas dos supermercados. "O horário de funcionamento dos mercados é muito cultural, na periferia, onde o acesso é mais complicado e a segurança também, os estabelecimentos fecham às 22 horas, no máximo, mas não significa que não haja demanda, mas, devido a esse empecilho ela acaba retraída".
Diferentemente de outros bairros, como Aldeota e Meireles, onde estão as únicas lojas desse ramo na cidade. "Ali é muito estratégico, tem ainda uma demanda turística", explica.
O grupo Pague Menos, um do maiores no Estado, possui cinco farmácias funcionando 24 horas na Capital. Essas estão espalhadas por quatro regionais, abrangendo cinco bairros, são eles Aldeota, Meireles, Fátima, Cidade dos Funcionários, e São Gerardo. Para o presidente do grupo, Deusmar Queirós, esse número é suficiente para atender a demanda da população.
"O período da madrugada, tem muito pouco fluxo, não é rentável, o faturamento não paga a conta de luz, por isso não aumentamos as lojas 24 horas", explicou.
Fora esses motivos, o empresário também cita a insegurança e a dificuldade de mão-de-obra para trabalhar nesse horário. Quanto à possibilidade de aumentar esse quadro de lojas 24 horas, em virtude da proximidade da Copa do Mundo e Confederações, ele diz que é muito pouco provável. "Talvez haja um aumento somente no período da Copa, e olhe lá, pois geralmente o turista já traz seus medicamentos", justifica.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado do Ceará (Sincofarma), Antônio Félix, corrobora em parte com a opinião de Deusmar. Ele explica que há quatro ou cinco anos, existiam de 12 a 15 farmácias no sistema 24 horas na Capital, porém, devido à vigência da Lei 5991/73, que determina que toda farmácia possua para cada hora de funcionamento um farmacêutico.
"Esse é o nosso maior entrave, os altos custos com os profissionais, pois além de o salário desse ser maior, tem o adicional noturno a ser pago", explicou Félix.
THAYS LAVOR
REPÓRTER