Sertão Central e Litoral Leste têm maiores taxas de transmissão da Covid no Ceará; veja por região
Ocupação de leitos ainda está longe do ideal, e a taxa de positividade de testes ainda segue em patamar elevado. Decreto estadual para a próxima semana não avançou em flexibilizações.
Embora o Ceará atravesse um momento de tendência de redução de casos de Covid-19, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) ainda considera preocupante a situação de transmissão da doença. No momento, duas das cinco macrorregiões de saúde apresentam maior alerta: Sertão Central e Litoral Leste/Jaguaribe.
A análise foi compartilhada pelo titular da Sesa, o Dr. Cabeto, em transmissão ao vivo ao lado do governador Camilo Santana, nessa sexta-feira (7). Na ocasião, eles informaram que o novo decreto estadual que dispõe sobre a liberação de atividades permanece sem avanços em relação à semana anterior.
Temos tendência de redução de casos, mas um grande número de internações e percentual de leitos de UTIs ocupados. Há redução de pressão sobre as UPAs, possibilitando melhor atendimento, mas mesmo assim ainda é preciso muita cautela, ainda temos limiares muito altos para considerar a pandemia controlada”
Para os alertas regionais, os analistas da Sesa consideram a taxa de reprodução (Rt), que avalia o potencial de disseminação do coronavírus. Se ele é maior que 1, cada infectado transmite a doença a, pelo menos, mais uma pessoa. Se é menor que 1, a tendência é que o número de contágios retroceda.
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Abaixo, confira o número Rt por região calculado para o período entre 7 e 27 de abril e a análise da Sesa:
Sertão Central (20 municípios): 1,20
Todos os municípios estão em nível “altíssimo” para transmissão da Covid, de acordo com a plataforma IntegraSUS. Há preocupação com cidades como Quixadá, Canindé, Quixeramobim e Tauá. Ontem, o Hospital Regional da área (HRSC) abriu 44 leitos de enfermaria que, segundo Camilo Santana, já estão com pacientes.
Litoral Leste/Jaguaribe (20 municípios): 1,06
Assim como no Sertão Central, todos os municípios estão em nível “altíssimo” para transmissão da doença. O governador informou que, “em breve”, serão abertos leitos de UTI em Aracati. O Dr. Cabeto ressaltou que essas duas regiões “merecem todo o cuidado e atenção dos gestores públicos”.
Cariri (45 municípios): 0,99
O Rt está abaixo de 1, mas muito próximo dele. O Dr. Cabeto lembra que uma das peculiaridades da região é o aumento na demanda por leitos. Atualmente, o cenário também indica altas taxas de positividade. Apenas dois municípios estão no nível “alto”, mas os demais estão em nível “altíssimo” para transmissão da Covid.
Sobral (55 municípios): 0,95
Embora abaixo de 1, o Rt da área norte - que inclui cidades de Jijoca de Jericoacoara a Quiterianópolis - teve aumento em relação ao período anterior (0,89 entre 30 de março e 19 de abril). Para Cabeto, a região exige “uma análise mais cuidadosa, dia a dia”. Por lá, unidades de saúde de Camocim e Acaraú devem ser contempladas com novos leitos em breve.
Todos os municípios estão em nível “altíssimo” para transmissão da Covid.
Fortaleza (44 municípios): 0,88
Todos os municípios também estão em nível “altíssimo” para transmissão, mas a taxa de reprodução ainda é a menor do Estado. Camilo afirmou que, na próxima semana, deve começar a funcionar o hospital de campanha do Maciço de Baturité, em Aracoiaba - serão 30 leitos de enfermaria e 10 UTIs.
“É preciso, provavelmente, que se passem ainda algumas semanas para que a gente tenha a pandemia num controle mais seguro”, ressaltou o Dr. Cabeto.
Ampliação de leitos
O governador Camilo Santana garantiu que o Estado tem priorizado a assistência em saúde. Houve 74% de aumento na quantidade de leitos extras exclusivos para tratamento da Covid, em comparação com 2020. Em maio do ano passado, eram 2.951 leitos ativos. Em abril, o número chegou a 5.146.
Em UTIs, a expansão passou de 911 para 1.337 entre os dois períodos. Já leitos de enfermaria cresceram de 2.040 para 3.809. Camilo ressalta que as estruturas também são abertas no Interior, para evitar grandes deslocamentos entre as regiões de saúde.
“A transmissão do vírus ainda é muito forte. O que menos queremos é retroceder, regredir, mas nossa prioridade tem sido a vida das pessoas e os danos que esse vírus pode causar à população”, disse o governador.