Projeto de castração está suspenso na Capital

A técnica conhecida mundialmente como C.E.D (captura, esterilização e devolução) gera controle populacional de gatos abandonados nas ruas e minimiza o problema que, em Fortaleza, atinge parques, praças, cemitérios e campi universitários. O método que, no caso do Brasil, inclui ainda a vacinação, já foi aplicado em um projeto-piloto, na Capital, há dois anos. Atualmente, as organizações de proteção aos animais não promovem mais a ação em grande escala. Com carência de apoio financeiro, as organizações não-governamentais (ONGs) aguardam a iniciativa do poder público para retomar o uso da técnica.

"Estimamos que há cerca de 110 mil gatos abandonados em logradouros públicos do Município. E temos que ressaltar que o simples recolhimento é ineficaz e improdutivo", garantiu a ex-presidente do Movimento SOS Gatos Fortaleza, consultora e blogueira de pets, Renata Costa. Segundo ela, quando a ação das ONGs estava em curso, a aplicação do método C.E.D castrou 300 animais abandonados no Cemitério do Mucuripe e no Parque das Crianças, no Centro.

Mutirões

O projeto-piloto foi idealizado pelo SOS Gatos, que era um Grupo de Trabalho formado por ONGs protetoras animais e por protetores independentes. Porém, agora está desativado. A ação, que no decorrer de 2012 realizou mutirões, contou com a ajuda técnica de veterinários da Faculdade de Veterinária (Favet) da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e apoio financeiro e logístico da Prefeitura para custear os procedimentos e a compra de remédios.

Na época, o SOS identificou os parques da Criança, Adahil Barreto, do Cocó, Rio Branco, o entorno das lagoas da Maraponga e de Porangabussu, a Praça do Hospital Militar, praças do bairro José Walter, os cemitérios, os campi de universidades e o Polo de Lazer da Avenida Sargento Hermínio como locais de grandes concentrações de felinos. A situação hoje, conforme Renata, continua a mesma.

A professora e idealizadora do projeto Felinos Urbanos em São Luís (MA), Otávia Mello, uma das pioneiras com treinamento internacional na aplicação do método C.E.D no Brasil, participou, ontem, de evento do Projeto de Extensão Animus - Educação Humanitária na Uece. Otávia há três anos trabalha com o método na capital maranhense. O custo total da aplicação em fêmeas, incluindo a vacinação, segundo ela, é de R$ 170,00 e, em machos, R$ 110,00.

A coordenadora do Centro de Controle de Zoonose, Rosania Ramalho, disse que não há uma estimativa oficial da quantidade de gatos abandonados em Fortaleza. "As Regionais estão fazendo o levantamento dos pontos e em cerca de 15 dias devemos ter esse quantitativo", informou. De acordo com ela, o Município não está fazendo castrações nem recolhimento de animais nas ruas. Isto porque entraves burocráticos e financeiros atrapalhariam o desenvolvimento de projetos.

Ela acrescenta também que está em processo licitatório a aquisição de um "castra móvel" - trailer que percorrerá todas as Regionais da Capital, fazendo o controle parasitário e as cirurgias de castrações dos felinos que estão nas ruas. A ação deverá ser iniciada em 2015.

Conforme ela, a saúde não tem recursos previstos para a execução destes trabalhos e o Município está se valendo de recursos do Fundo de Defesa do Meio Ambiente (Fundema) para conseguir tocar algumas ações.

Atualmente, segundo Rosania, a Prefeitura realiza o projeto "CCZ Extra Murro", que faz exames, vacinação e aplicação de vernisco (controle para matar os vermes) em animais abandonados nesses pontos.

Mais informações
Centro de Controle de Zoonose
Atendimento veterinário gratuito todos os dias, das 8h às 17h
Endereço: Rua Betel, 2980, Itaperi
Telefone: 3105-1026

Thatiany Nascimento
Repórter