Produto de descontaminação de solo produzido na UFC vence edital de incentivo a projetos inovadores

A pesquisa, que nasceu no Laboratório de Ecologia Microbiana e Biotecnologia (LEMBIOTECH), do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará, deu origem a um remediador ambiental biodegradável com eficiência já testada em escala de laboratório.

Escrito por Redação ,
Legenda: Laboratório de Ecologia Microbiana e Biotecnologia (LEMBIOTECH) que já promove estudos na área há 17 anos.
Foto: Arquivo Pessoal

Projeto de biorremediador ambiental desenvolvido no Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), denominado BioClinex, ficou em 1ª lugar no Centelha, edital promovido pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP). O produto que age diretamente na descontaminação do solo atingido por petróleo e derivados, é ecologicamente sustentável e está sendo trabalhado para entrar no mercado em alguns anos.  

Criado no Laboratório de Ecologia Microbiana e Biotecnologia (LEMBIOTECH), que já promove estudos na área desde 2003, as pesquisadoras da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO) Bella Giselly e Bárbara Quintela, a coordenadora do LEMBIOTECH, professora Vânia Melo e a professora universitária Denise Hissa observaram a necessidade de buscar soluções sustentáveis para problemas ambientais com o apoio da ciência. 

"No laboratório são realizados estudos com a temática de biorremediação de ambientes contaminados desde 2003, onde nós buscamos soluções sustentáveis para problemas ambientais que tem se tornado cada vez mais recorrentes trazendo prejuízos tanto ambientais quanto socioeconômicos”, conta a representante do projeto no Centelha, a doutoranda Bella Giselly.

O vazamento de óleo bruto que atingiu todo o litoral do Nordeste, em 2019, chegando a pelo menos 48 trechos de praias do litoral do cearense, em 18 municípios, de acordo coma doutoranda expôs a ineficiência dos métodos já existentes de contenção, dado força ao projeto.

“O vazamento de óleo bruto que atingiu a zona costeira do Nordeste, no ano passado [2019] expôs a ineficiência dos métodos que nós temos de prevenção e contenção disponíveis, por isso essa linha de pesquisa ganhou ainda mais evidência e decidimos investir nesse trabalho”, explana. 

Conheça abaixo as pesquisadoras que deram origem ao projeto vencedor do Cenelha:

Projeto sustentável

A pesquisadora e doutoranda Bella Giselly explica o diferencial sustentável do produto criado em laboratório cearense. “O remediador ambiental é um agente adicionado a um ambiente que sofreu contaminação com o intuito de descontaminar esse local, e quando esse agente é de origem biológica é chamado de biorremediador”, explica.

“O diferencial é ele ser um produto ecologicamente amigável e sustentável, sendo desenvolvido com bactérias isoladas do nosso próprio ambiente que são aplicadas de uma forma imobilizada em uma matriz de quitosana”, completa.   

A matriz de quitosana, apontada pela doutoranda, funciona como uma cápsula protetora e fertilizante para os microrganismos do local aplicado, ou seja, além de descontaminar fornece nutrientes para estímulo da comunidade de bactérias do solo, contribuindo assim para a redução de impactos ambientais. 

O projeto também deu origem a startup Biotech4Life, que terá o objetivo de desenvolver soluções para remediar impactos ambientais. “Além disso, também temos o foco em outros problemas decorrentes de atividades industriais e domésticas [que afetem o meio ambiente]”, conclui. 

Incentivo

A iniciativa que integra a incubadora de empresas do Parque de Desenvolvimento Tecnológico da UFC (PADETEC), com a vitória no edital do Centelha, receberá auxílio financeiro de até R$ 80 mil para seu desenvolvimento. “Toda a equipe ficou muito feliz com essa conquista, porque depois de anos de pesquisa e esforço é muito motivante ver o nosso trabalho sendo reconhecido”, pontua. 

A equipe acredita que vitórias de pesquisas como esta mostram como as pesquisas científicas produzidas dentro das universidades são fundamentais para toda a comunidade. “Pesquisas como esta mostram o quanto a ciência é fundamental no desenvolvimento inovadoras e sustentáveis para os diversos problemas que tem acontecido na sociedade, tanto na área ambiental quanto em outras áreas. Pesquisas assim não acontecem isoladamente, além disso tem o investimento de várias agências de fomento, o que evidencia a importância de se investir em pesquisa”, finaliza.    

A Universidade Federal do Ceará teve outros sete projetos aprovados no edital Centelha, que em sua primeira edição no Ceará recebeu a submissão de 856 ideias inovadoras, contabilizando 2.480 participantes cadastrados em equipes de 62 municípios. 

O programa Centelha é uma iniciativa promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP). É operado pela Fundação CERTI, sendo executado no Ceará pela FUNCAP. 

 

 

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