Por falta de repasse do Ministério da Saúde, remédios para Alzheimer estão em falta no SUS do Ceará

Os estoques do Rivastigmina e do adesivo Exelon Patch, usados no tratamento da doença, não são repostos no Estado desde o ano passado

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Legenda: Os medicamentos em falta auxiliam a reduzir os sintomas da doença.
Foto: José Leomar

Desde novembro de 2019 a doméstica Ana Lúcia da Cunha Cavalcante liga diariamente para o Hospital Geral Doutor César Cals, em Fortaleza, para obter informações sobre o disponibilidade do medicamento em comprimido Rivastigmina 6 mg. O remédio faz parte do tratamento da mãe de Ana, Hilda Santos da Cunha, 82, contra o Alzheimer, e está em falta na rede pública ligada ao Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado.

O medicamento Rivastigmina 6mg é usado para atenuar os sintomas do Alzheimer e é fornecido pelo SUS. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), este composto e o adesivo Exelon Patch 9mg, também usado no tratamento da doença, estão em falta na rede pública do Ceará por falta de repasse do Ministério da Saúde (MS). 

Enquanto aguarda a normalização do fornecimento, Ana Lúcia destina uma parte da aposentadoria da mãe para comprar o composto e continuar o tratamento. “O organismo dela reage muito bem ao remédio. Agora, eu compro duas caixas por mês. Cada caixa custa por volta de R$ 150. É pesado porque além desse medicamento é preciso comprar outras coisas, já que ela é uma senhora de idade”, confessa.  

Interrupção impacta qualidade de vida

A interrupção da medicação pode trazer complicações. “Esses tipos de medicações, quando precisam ser retiradas, é preciso que um ‘desmame’ seja feito. O corpo sente falta, é necessário que a retirada seja devagar”, explica Victor Macedo, médico geriatra do Hospital OTOClínica, em Fortaleza.

Considerada uma doença degenerativa, ainda sem cura, a medicação disponibilizada pelo SUS também reduz a apresentação de sintomas e contribui para que a rotina dos pacientes seja mais confortável. “Esse tratamento é o que a gente chama de sintomático. Ajuda a controlar o sintoma da doença e o ajuda a melhorar o comportamento”, informa Victor. 

Além do peso no orçamento, a família também enfrenta dificuldades em achar a medicação fora da rede pública de saúde. “Não é toda farmácia que eu encontro. Até agora só achei em dois cantos”, conta Ana Lúcia. 

Atraso

Em janeiro, a reportagem do Sistema Verdes Mares contactou o Ministério da Saúde sobre o atraso no repasse do medicamento. De acordo com a nota enviada pelo órgão, o fornecimento enfrenta problemas desde outubro do ano passado, já que o distribuidor Instituto Vital Brazil, contratado pelo Ministério, não teria cumprido as datas limites. À época, a Pasta informou que o abastecimento estaria normalizado até a primeira quinzena de fevereiro. 

Mas, passadas duas semanas do prazo do MS, os compostos ainda estão indisponíveis no SUS cearense. A reportagem retornou o contato com o órgão e aguarda atualizações sobre o abastecimento. Contactada, a Sesa informou que o Ministério da Saúde espera que o fornecimento esteja funcionamento normalmente até o dia 20 de março. 

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