Pesquisadores buscam informações para identificar rota do asteroide que caiu no Maciço de Baturité

População pode ajudar cedendo imagens de câmeras de segurança. Filmagens podem auxiliar na localização do objeto

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Meteoro Maciço de Baturité
Legenda: Satélite Geo Estacionário Meteorológico registrou o fenômeno. Ponto de colisão ainda não foi identificado
Foto: Bramon

São poucas as informações sobre o asteroide que atingiu o Ceará no Maciço de Baturité no último dia 10. Por isso, pesquisadores ligados à Rede Brasileira de Observações de Meteoros (Bramon), pedem ajuda da população para identificar a trajetória do objeto. É possível identificar a rota do corpo celeste a partir de imagens das câmeras de segurança nos arredores de Fortaleza. Os registros podem ser enviados através das redes sociais, disponíveis no site do grupo.

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Identificar o caminho percorrido pelo objeto é importante para estimar o ponto de impacto. Com a determinação do local da queda, será possível prosseguir com os estudos sobre o assunto. Além do recebimento das imagens do público, equipes da Bramon cearense também procuram por filmagens do fenômeno no entorno do Maciço. 

Marcelo Zurita, diretor técnico da Bramon, ressalta que não é preciso estar muito próximo do Maciço de Baturité para conseguir capturar o fenômeno “As pessoas pensam que é preciso estar próximo ao local para registrar. Mas é mais fácil para câmeras de segurança mais distantes conseguirem pegar a trajetória só por conta da elevação. Com isso, conseguimos calcular a trajetória e definir a área de dispersão”, indica o diretor. 

As câmeras de segurança, contudo, devem estar dentro de um raio de 200 Km de distância de Fortaleza e apontadas para uma direção específica. “As câmeras precisam estar viradas na direção de Fortaleza. Um único registro seria suficiente para calcular a trajetória. O horário para registro é por volta das 6h42  do dia 10 de outubro”, explica o pesquisador. 

Ainda segundo Marcelo, câmeras da Capital também podem ter filmado a passagem, apesar de ser mais difícil visualizar o fenômeno da cidade. “De Fortaleza, as câmeras que estiverem na direção sudoeste para cima, filmando o céu, podem ter capturado. Mas é mais difícil”, conclui.

A busca pelos fragmentos do material ocorre por conta da dispersão do asteroide na superfície terrestre, explica Marcelo. Ele diferencia os fenômenos. "O asteroide é um objeto celeste que orbita ao redor do sol. Quando ele passa pela atmosfera da terra, gera um fenômeno luminoso que chamamos de meteoro", diferencia o pesquisador. 

Ao entrar em contato com a atmosfera, a rocha se parte milhares de pedaços. Quando esse fragmentos atingem a superfície, são chamados de meteoritos. “Meteoritos são pedaços do asteroide após colisão com o solo. A maioria deles são pequenos, de poucos gramas. É menor do que brita. Esses meteoritos se espalham por uma área muito grande. Dificilmente a gente tem meteoritos maiores de 10 quilos. Esse último de Baturité, por exemplo, por conta do som da explosão, muito provavelmente a fragmentação foi muito alta”, complementa o pesquisador.  

Fragmentos

Outra maneira de auxiliar os pesquisadores é procurar por meteoritos nos arredores do Maciço de Baturité, informa Marcelo. “A princípio, eles estariam mais ou menos ao norte do Maciço de Baturité, aproximadamente a sudoeste de Fortaleza. A principal característica é que ele tem a parte externa escura e lisa. Geralmente não é brilhante. É liso e fosco”, adiciona o pesquisador. 

Conforme Marcelo, não há risco na manipulação do meteorito já que ele “não é radioativo”. Alguns cuidados, contudo, devem ser seguidos para armazenamento da descoberta. “O que a gente recomenda em situações como essa é manter os meteoritos longe da umidade. Eles sofrem corrosão devido a presença de água. Mas não tem qualquer risco para quem encontrar. Nem de doença nem de azar”, brinca.  

A procura pelos objetos, contudo, vale apenas para as regiões próximos ao Maciço, indica Marcelo. Fazer expedição para localizar o ponto de impacto do meteorito ainda é precoce. “Não temos o local exato da queda. Sem a trajetória, então, a busca pode ser muito trabalhosa e ineficaz. É mais uma coisa pra população local ficar atenta para pedras estranhas no local”, reforça o diretor técnico. 

Veja as recomendações  para identificar os meteoritos 

  • Superfície lisa, fosca e escura. Por conta da alta temperatura a que esteve exposta, o objeto pode ter aspecto de “derretido”. 
  • A partir interior do objeto aparenta ser formada por “bolinhas”, chamadas de côndrulos. Essa região é mais clara que a parte externa do meteorito. 
  • Crostas com ângulos retos ou irregularidades não são características deste corpo celeste e, portanto, são descartadas para análise. 

Como enviar os registros

É possível enviar as filmagens e fotos de possíveis meteoritos pelas redes sociais ligadas à Bramon, disponíveis no site da organização. "Estamos dispostos a analisar tudo o que for enviado", garante Marcelo. A iniciativa conta ainda com um telefone de contato para envio por aplicativo de mensagens: 61 4042-3534 

 

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