Guerrilheiro cearense é identificado no Araguaia e será sepultado

Busca por ossadas no Araguaia começa hoje

Escrito por Agência Estado / Portal Verdes Mares / Diário do Nordeste ,

Começa nesta quarta-feira (8) a fase preparatória das novas buscas de corpos de integrantes da Guerrilha do Araguaia (1972-1975) no Sul do Pará. Uma equipe do Ministério da Defesa visitará a Casa Azul - principal base militar na região durante o conflito - e o cemitério São Miguel, no centro antigo de Marabá.

Cearense é um dos únicos corpos já identificados; família fará sepultamento

Dos 67 guerrilheiros mortos pelo Exército, apenas dois tiveram os corpos identificados até hoje pelo governo - Maria Lúcia Petit e do cearense Bergson Gurjão Farias.

Bergson Gurjão Farias, do PC do B, morreu em 1972

Identificado extraoficialmente em 2004, o corpo do guerrilheiro cearense Bergson Gurjão Farias, do PC do B, morto por tropas do Exército na guerrilha do Araguaia em maio de 1972, poderá enfim ser sepultado pelos familiares.

?É o dia mais importante da minha vida de pesquisadora"

O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, aceitou argumentos da pesquisadora Myrian Luiz Alves e anunciou a identificação do guerrilheiro por um laboratório de São Paulo, feita com base na análise mitocondrial. A família de Bergson foi notificada na última terça-feira (7) mesmo em Fortaleza para providenciar os funerais.

?É o dia mais importante da minha vida de pesquisadora, foram sete anos de trabalho e dedicação?, disse Myrian ao Estado, chorando, ao saber do anúncio. Ela, ligada ao PT, travou uma guerra contra setores do governo que não aceitavam seus argumentos de que o corpo era de Bergson.

FIQUE POR DENTRO
Bergson foi torturado e morto a baioneta

O cearense Bergson Gurjão Farias era estudante de Química da Universidade Federal do Ceará e vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), em 1967. No ano seguinte, mudou-se para Caianos, na região do Araguaia e desapareceu em 8 de maio de 1972, após ter sido ferido em combate. Seu corpo foi levado para Xambioá, todo deformado, tendo sido pendurado em uma árvore de cabeça para baixo. O desaparecimento do jovem guerrilheiro foi denunciado em juízo pelos presos políticos Jenoino Neto e Dower Moraes Cavalcante. De acordo com os presos, Bergson teria sido morto a baioneta.

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